A Borracha Urbana
Foto: Doca do Reduto, Zona Central de Belém, em 1960
A cidade de Belém, capital do estado do Pará é considerada hoje como uma das principais cidades amazônicas. No entanto, isso se deve muito ao seu passado, quando através de uma forte economia baseada na produção borracha, se consolidou e recebeu investimentos. Atualmente, a cidade está perto de completar quatrocentos anos e ainda é uma das maiores aglomerações urbanas na Amazônia, contando com uma população de aproximadamente 1.432.844 de habitantes (IBGE, 2014). Dessa forma, a comercialização da borracha foi extremamente relevante para o desenvolvimento urbano da cidade de Belém.
Assim, podemos afirmar que a população começou a migrar para as cidades, juntamente com o processo comercialização e produção da borracha, quando Belém passou a ser uma cidade atrativa. Assim, a cidade começou a se desenvolver e junto a ela oportunidades econômicas, de trabalho e de negócios passaram a pressionar essa urbanização.
Ao mesmo tempo que a população passava a ir para as cidades, gerando um dinamismo urbano, o adensamento populacional desordenado e rápido trouxe consigo externalidades negativas. Ou seja, a cidade de Belém começou a enfrentar problemas de moradia, de segurança, de saneamento básico e higiene, entre outros. Esses fatos eram muito preocupantes para a época, uma vez que a cidade de Belém passou a ser um foco internacional devido à exportação de borracha e era necessário demonstrar que a cidade possuía boas condições.
A partir de 1897, com o início do governo de Antônio Lemos (1897-1911) quando foi promovida a “belle époque paraense”, ou seja, uma renovação estética e higienista da cidade de Belém e de seu Porto. Esse projeto tinha, então, como objetivo, atender à elite do látex, demonstrando segurança e salubridade aos investidores que atracavam no porto.
A nova elite econômica, principalmente os seringalistas transformaram a capital do Pará em um centro financeiro, de consumo, luxo e divertimentos, a fim de corroborar com o plano do governo. Ainda com o mesmo objetivo, de atender às necessidades impostas pelos investidores e do status da cidade, o poder municipal aumentou os impostos e financiamentos, se utilizando também de acordos com o governo do Pará para dar prosseguimento aos planos se saneamento e embelezamento da cidade.
Até hoje é possível perceber nas ruas centrais de Belém, o jeito Europeu no qual as construções e planos de estética se basearam. O porto, juntamente com a cidade foi sendo modificado e foi se adaptando ao gosto da elite tanto paraense quanto europeia. No entanto, isso era a visão da elite, das localidades onde havia renda e investimentos, uma vez que as autoconstruções iam se instalando ao redor, constituindo uma periferia, de pouco acesso a essa beleza, e também de pouco acesso às qualidades que eram percebidas pelos estrangeiros. O dinamismo das cidades ocorria, para todos, porém de formas diferentes.
Referências:
BELÉM. PA: mudanças na urbanização da metrópole amazônica. Disponível em: <http://www.chaourbano.com.br/visualizarArtigo.php?id=89>. Acesso em: 14 Dez. 2016.
A urbanização de Belém no final do Século XIX. < http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-do-brasil/a-urbanizacao-belem-no-final-seculo-xix-1.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016
Belém do Pará: cidade e água. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-99962015000100041>. Acesso em: 14 dez. 2016