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Xangai: crescimento disperso


Desde a década de 1990 têm ocorrido certas tendências de redistribuição da população e da urbanização, em diversas partes do mundo, e de certa forma tem acompanhado a relocalização espacial das atividades produtivas. Tais tendências se evidenciam como uma urbanização dispersa.


Questiona-se se seriam expressões de novas formas de urbanização ou de variações de formas de expansão das áreas urbanas, daquelas a qual Ojima refere-se como urban sprawnl. O urban sprawnl caracteriza-se pela expansão contínua e contígua de uma densificação e verticalização da malha urbana, com a multiplicação em formato de anéis concêntricos que englobam as periferias e a formação de um crescimento tentacular, marcado ainda por uma expansão descontínua da malha urbana que, ao longo do tempo, passa a se adensar-se e a compactar-se adjacente aos centros urbanos de maior porte.


O modo de acumulação fordista dependia das localizações fabris que se encontravam ao longo de eixos que articulavam as áreas centrais e as periferias. Tal modelo de expansão passa a conviver com uma expansão de uma forma urbana de crescente fragmentação espacial, mais complexa. Onde atividades produtivas industriais, comerciais, de serviços e diferentes grupos sociais abandonam tais eixos, criando novas configurações e modificando o entendimento da oposição centro-periferia. Enquanto a cidade compacta de períodos precedentes apresentava uma estrutura simples com zonas bem definidas, essa estrutura se diversifica e complexifica conformando um tecido urbano que ultrapassa os limites da cidade


[...] A urbanização na atual etapa, por conseguinte, é entendida, aqui, como um processo que não está mais restrito à cidade, que extravasa os limites da aglomeração física de edificações, infraestruturas e atividades, de fixos e fluxos, através das diversas práticas, táticas e estratégias dos distintos capitais e do trabalho para garantir sua reprodução.[...] Diluem-se, assim, as diferenças entre o rural e o urbano, ao mesmo tempo em que persistem e se aprofundam as contradições entre a urbanidade e a ruralidade (LEFEBVRE, 1969).


O site do G-1 noticia a diminuição da população de Shanghai, considerando crucial a “reestruturação econômica da cidade, que na última década reduziu seu peso industrial e está se tornando cada vez mais baseada em serviços e tecnologia” (G-1, 2017). Tal êxodo teria por base as transformações da Terceira Revolução Industrial, onde grupos sociais tentam acompanhar a relocalização industrial e a formação de centros de comércio e serviços fora das cidades, fazendo parte de um processo de grupos abastados que procuram um novo estilo de vida fora das cidades e das classes mais baixas que buscam moradias em lugares mais baratos, longes dos grandes centros.


Em cidades da China, a introdução da economia de mercado elevou os preços violentamente do mercado imobiliário e fundiário, em particular nas cidades com mais de um milhão de habitantes: “na Zona Econômica Especial de Shanghai onde um Mu, medida fundiária equivalente a seiscentos e quarenta e sete metros quadrados, que custava cerca de noventa dólares (US$ 90) na década de 1970, passou a custar US$ 2.700 em 1988, e US$183.342 em 1995” (LIMONAD, 2006, p.37)


O crescimento disperso na franja das cidades chinesas relaciona-se com a implantação de novos distritos de desenvolvimento, tais como parques de alta tecnologia, zonas sem taxa e zonas especiais de desenvolvimento, que se encontram próximas a áreas antes voltadas a atividades agrárias.


Referências:


OJIMA, Ricardo. Dimensões da urbanização dispersa e proposta metodológica para estudos comparativos: uma abordagem socioespacial em aglomerações urbanas brasileiras. Revista brasileira de estudos populacionais, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007.


LIMONAD, Ester. Urbanização dispersa, mais uma forma de expressão urbana? Em: Revista Formação, nº14 volume 1 – p.31-45, 2006


Site consultado: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/populacao-de-xangai-diminui-pelaprimeira-vez-em-um-seculo.html


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