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Feira Manaus Moderna: o circuito informal na cidade de Manaus?

A Feira Manaus Moderna possui o nome oficial de Feira Coronel Jorge Teixeira em homenagem ao antigo prefeito da cidade nomeado em 1974 pelo presidente da República Ernesto Geisel (1974-1979). Hoje a feira possuí “uma área total de 8.251,84 m2 e passou por três reformas: 1996, 2000 e 2001. Tem 674 boxes, 240 bancas e 17 pedras, Existem na feira várias atividades entre as quais a comercialização de pescado, carnes, hortifrútis, laticínios etc” (PINTO & MORAES, 2011).


Todavia, o cenário nem sempre foi esse. Com a inauguração do Mercado Municipal Adolpho Lisboa (1883) e posteriormente do Porto Flutuante no centro-sul da cidade, concentrou-se ali, um pequeno comércio de gêneros alimentícios trazendo consigo uma gama de pessoas vindas do interior ou de outros estados e que passaram a residir na cidade de forma precária, com casa construídas na margem do Rio Negro, a famosa cidade flutuante de Manaus.




Figura 1: Cidade Flutuante do Rio Negro, Manaus (1962). Fonte: Instituto Durango Duarte Disponível em: <http://idd.org.br/exotica-cidade-flutuante-de-manaus/>



A Cidade Flutuante iniciou-se em 1925 e permaneceu até 1967, quando o poder público e a capitania dos portos uniram forças para retirar, de forma violenta, os moradores e a sua forma de sustento através de um discurso higienista que foi tão disseminado nos meados do século XX. Foram retirados “4.100 habitantes da cidade flutuante fazia parte da necessidade de ‘limpar’ à frente da cidade transferindo seus moradores para as áreas periféricas” (PINTO & MORAES, 2011). Somente na década de 1980 é que os comerciantes e atacadistas tiveram a garantia de transferência para outras feiras da cidade, entretanto alguns trabalhadores resistiram até o ano de 1991, quando o prefeito Arthur Neto ordenou atear fogo nas barracas que ali ainda estavam presentes.



No entanto, em 1994, é inaugurada a Feira Coronel Jorge Teixeira (Manaus Moderna), na Rua Barão de São Domingos, local da antiga feira e muitos trabalhadores retornam para lá, mas hoje, com boxes adquiridos por licitação. Todavia, ainda encontramos, ocupando parte das calçadas e ruas comerciantes não só de gêneros alimentícios como artesanato, redes para quem irá viajar de barco, e tecnologias.


A Feira Moderna é hoje o principal centro comercial de gêneros alimentícios de Manaus com importância logística e turística. A feira é local onde a população adquire os ingredientes principais para a culinária típica da região, como peixe, açaí e farinha de tapioca, mas também é o local de distribuição de alimentos para outros centros comerciais e outras feiras da cidade. Assim, a feira Moderna adquire características não só do circuito inferior da economia, como do circuito superior, pois “suas características (...) mostram que através de uma estratificação de seus feirantes encontramos desde o mais simples comerciante de cheiro-verde ao grande e capitalizado atacadista de hortifrúti importados” (PINTO & MORAES,2011).


Figura 2: Mercado de Peixe da Feira Manaus Moderna. Fonte: Atual Amazonas Disponível em: <http://amazonasatual.com.br/relatorio-da-dvisa-condena-feira-da-manaus-moderna/>



Referências:


PINTO, Moisés A. & MORAES, André de O. Espaço e Economia: Crise e Perspectivas no Abastecimento em Manaus, Amazonas, Brasil. Revista Geográfica de América Central: Costa Rica, v. 2, n. 47 E, p. 1-14, 2011


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