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Santiago: competitividade no urbano latino-americano

Na discussão acerca do papel da competitividade de Santiago em termos latino-americanos, Arce (2011) desenvolve um interessante estudo acerca de variáveis que podem explicar um certo protagonismo santiaguino nessa escala. Aliás, falar de competitividade já nos traz uma faceta significativa para a discussão: como as políticas urbanas e a economia se comportam nessa conjuntura?


Em um contexto de permissividade maior das fronteiras nacionais com a globalização, os territórios acirram a sua competição para atrair investimentos, empresas e pessoas, capaz de dinamizar um potencial de crescimento ou de recessão de determinada localidade. No caso de Santiago, pode-se afirmar que se trata de uma das mais competitivas – em um grupo com São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México – pelas suas condições para os negócios, credibilidade institucional e a integração internacional via Pacífico. Aparenta indicadores que dialogam com uma visão positiva acerca da cidade frente às outras no contexto latino-americano, sobretudo quando se observa o crescimento da conectividade da cidade ao longo da década de 2000.

Outro indicador interessante trazido por Arce (2011) é a questão do olhar do habitante sobre algumas questões que indicam que Santiago possui uma cidade com perspectivas mais otimistas e com níveis “minimamente humanos” na análise dos preconceitos – uma diferença ainda mais significativa quando comparada com as cidades brasileiras, por exemplo.



Entretanto, o autor diz que esse “progresso” econômico e social é a resposta de um fator: uma cidade fundada na tecnologia. Para Arce (2011), Santiago ainda peca pelas questões referentes ao talento e à tolerância (os outros dois indicadores que ele usa na análise), onde o suposto crescimento depende de uma frágil aliança entre a tecnologia de fora com a tentativa de desenvolvimento científico interno. Nesse sentido, ainda que competitiva, Santiago sofre com um processo de alta desigualdade e sensação de inseguridade, onde fica a pergunta: qual é o preço a ser pago pelos habitantes em prol dessa competitividade?


Silveira (2011) aborda justamente esse cenário. Com a globalização, a cidade surge enquanto um espaço de todos os agentes, ainda que atuem de diferentes formas e intensidades – algo que traz consigo a desigualdade de capitais, tecnologia e organização. E nesse contraste estrutural da cidade, de um lado opera a macro-organização do circuito superior e o seu domínio da economia política da urbanização; de outro, o circuito inferior e a sobrevivência cotidiana da maior parte da população.


Referências:

ARCE, Luis Fuentes. (2011). Competitividad urbana en el contexto latinoamericano: El caso de Santiago de Chile. Revista de geografía Norte Grande, (48), 81-106. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.4067/S0718-34022011000100006>. Acesso em 12 jan. 2017

SILVEIRA, María Laura. Urbanización latinoamericana y circuitos de la economía urbana. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, número espacial EGAL, II semestre, p. 1-17, 2011. Disponível em: <http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/viewFile/2224/2120>. Acesso em 12 jan. 2017


Imagens: ARCE (2011)

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