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Belém e a redefinição de sua importância no espaço amazônico


Fonte: Heitor Carvalho Jorge/Wikimedia Commons

[https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bel%C3%A9m_from_SE_01.jpg]

Legenda: Belém vista do Rio Guamá, em 2009.



A urbanização na Amazônia foi forjada sob o argumento da integração nacional dos governos militares de meados do século XX. A região, em geral, seria tomada por assentamentos rurais ocupados por migrantes de todo o Brasil; a construção de grandes obras de infraestrutura e a exploração de minérios também atraiu um enorme contingente, guiado pelas novas rodovias que estavam sendo incorporadas, como a Transamazônica, a BR-364 e a Belém-Brasília. A ampliação da rede rodoviária fez surgir uma série de pequenas cidades nas beiras das estradas, que configuraram uma fronteira econômica e urbana desigual e diferenciada no espaço amazônico (VELOSO; TRINDADE JÚNIOR, 2014).


Belém e Manaus, que já eram polos regionais desde os ciclos da borracha, ocorridos na primeira metade do século XX, tornaram-se produtos particulares de uma metropolização promovida pelas políticas desenvolvimentistas do Estado brasileiro, epicentros que aglutinam as necessidades da maior parte de habitantes das áreas urbanas na Amazônia. No entanto, as políticas estatais não foram homogêneas em todo o território amazônico, corroborando para a formação de uma complexa malha urbana, diferenciando os processos de metropolização entre as duas maiores capitais da Região Norte.


Essa diferenciação permitiu uma regionalização interna da própria Amazônia, polarizada entre as metrópoles Manaus (Ocidental) e Belém (Oriental), que dividem a influência sobre as demais cidades amazônicas. Enquanto a capital manauara concentra quase que exclusivamente a centralidade da Amazônia Ocidental, Belém compete pela importância econômica da Amazônia Oriental com outras cidades médias do estado, no caso, Santarém e Marabá, que inclusive já foram propostas como capitais de duas novas unidades federativas resultantes do desmembramento do Pará, rejeitado em plebiscito de 2011 pelos eleitores paraenses.


Tal fato abre discussão para a tendência de desmetropolização da capital paraense, em razão do dinamismo econômico que se imprime com os grandes empreendimentos realizados distantes da Região Metropolitana de Belém – e que corroboram substancialmente para intensificar a urbanização das áreas onde estes projetos são implantados, evidenciando a continuidade de políticas desenvolvimentistas do Estado brasileiro sobre o território amazônico.


Ainda assim, menos dependente de atividades ligadas à indústria e à agricultura, Belém continua a se destacar pela importância como centro de comércio e serviços, havendo, portanto, uma redefinição da importância desta metrópole no espaço amazônico, já verificada pelo geógrafo Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior (1998 apud CARDOSO et al., 2015). A centralidade da Região Metropolitana de Belém (RMB) conforma-se pela política (como sede da unidade federativa), pelo turismo, pela indústria cultural e de informações, pelo comércio varejista, articulando as relações que envolvem também outras centralidades da Amazônia Oriental.


Referências:

CARDOSO, A. et al. A Metrópole Belém e sua centralidade na Amazônia Oriental Brasileira, EURE (Santiago), v. 41, n. 124, Santiago, set. 2015. Disponível em: <www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-71612015000400010>. Acesso em: 15 set. 2016.


VELOSO, T.; TRINDADE JÚNIOR, S. C. Dinâmicas sub-regionais e expressões metropolitanas na Amazônia brasileira: olhares em perspectiva, Novos Cadernos NAEA, v. 17, n. 1, p. 177-202, jun. 2014. Disponível em: <www.periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/viewFile/1323/2253>. Acesso em: 15 set. 2016.




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