A transformação da paisagem do Rio de Janeiro (1580-2002)
“Em realidade, a paisagem compreende dois elementos:
Os objetos naturais, que não são obra do homem nem jamais foram tocados por ele.
Os objetos sociais, testemunhas do trabalho humano do passado, como no presente.
A paisagem não tem nada de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e a paisagem que se transforma para se adaptar às novas necessidades da sociedade” (SANTOS, 1982, p. 37).
Um trabalho interessantíssimo de análise da evolução histórica da paisagem do Rio de Janeiro foi feito pela Prefeitura do Município e disponibilizada no Portal Geo. Trata-se de simulações da paisagem ao longo da história, mostrando as transformações ao longo do tempo. Pra dizer o mínimo, é impressionante observar as modificações, partindo de uma paisagem rural, até uma paisagem intensamente urbanizada como é atualmente.
1580
1620
1790
1910
1988
2002
Especialmente notável é o “salto” que é dado entre 1910 e 1988. São apenas 78 anos que fazem uma diferença tão ou mais significativa quanto os 160 anos anteriores! A verticalização é um fator que mudou radicalmente a paisagem, e mudou também a hierarquia dos elementos que compunham a paisagem: a igreja, antes em posição de destaque, passou a ficar “intimidada” entre os prédios em altura. O viaduto também não ajudou nem um pouco nesse processo.
Interessante também notar que, entre 1988 e 2002, houve uma tentativa de resgate da ambiência mais antiga, expressa pela retirada de vias destinadas aos veículos e recuperação desses espaços para os pedestres. O pdf disponível no site explica que o trânsito de veículos foi passado para debaixo da terra. O viaduto, entretanto, continua ali, impávido.
Referência bibliográfica
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1982.