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Joanesburgo: o avanço do capitalismo pós-moderno na África

Joanesburgo, a maior e mais rica cidade da África do Sul, entrou na segunda década do século 21 em plenos processo de aprofundamento de seu desenvolvimento capitalista pós-moderno (em sintonia com a definição de pós-modernidade da Sociologia). No livro Condição pós-moderna, de 2005, David Harvey trabalha com a ideia de que a contemporaneidade assiste a um momento de compressão tempo-espaço na organização do capitalismo como modo de produção.


Resumidamente, o autor afirma que a aceleração nos ciclos de produção e circulação de mercadorias é ferramenta da maximização de lucros; e, com as mesmas características, é observada também na produção do espaço.


Principais cidades da África do Sul. Pretoria é a capital política



A Joanesburgo de hoje vive a aceleração do processo de produção do espaço urbano, ele próprio na condição de mercadoria, e não apenas na de suporte material para a produção, circulação e consumo de mercadorias. A cidade experimenta um processo de requalificação do espaço que atinge vários bairros e muda significativamente seus usos e suas feições. A Copa do Mundo de futebol em 2010 ergueu, ao norte, o distrito de Sandton como uma ilha de consumo inspirada no modelo urbano das metrópoles dos Estados Unidos, com acesso privilegiado para carros.


Nos bairros do centro, grupos empresariais investem em remodelações de quarteirões inteiros e prédios abandonados ou subutilizados, instalando espaços de comércio e moradia para uma população abastada que expulsa moradores antigos e mais pobres. A sudoeste, o Soweto, distrito popular símbolo de resistência, de onde saíram para o mundo Nelson Mandela e Desmond Tutu, mistura a pobreza da população mais necessitada com o próprio consumo dessa pobreza embalada como atração turística.


Bairro de Braamfontein, no centro de Joanesburgo.

Maio/2015. Foto Mônica N. Florindo



Soweto, distrito a sudoeste do centro. Maior/2015. Foto Mônica N. Florindo


Joanesburgo tem 4,4 milhões de habitantes, de acordo com o Censo sul-africano de 2011, e o mais alto PIB per capita do país, segundo dados do ano de 2014: US$ 16.370, contra os US$ 14.086 da segunda maior cidade, Cape Town, e os US$ 6.483 médios da África do Sul. Cerca de 80 mil núcleos familiares que vivem na cidade são considerados rurais. A média de desemprego é de 25%, e sobe para 31,5% entre os jovens.


Desemprego à parte, um relatório elaborado em janeiro de 2016 pela Oxford Economics, empresa ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra, baseado em estudos econômicos sobre as 750 maiores cidades no mundo apontou que Joanesburgo terá o maior PIB de todo o continente africano em 2030.


A centralidade de Joanesburgo se estende pelo seu entorno e sua área de influência urbana se funde à de Pretoria, capital política da África do Sul, 60 km ao norte. O país tem outras duas capitais, Cape Town, legislativa, e Bloemfontein, judiciária.



Referências


HARVEY, David. Condição pós-moderna. C: Loyola, 2005.


Oxford Economics. Future trends and market opportunities in the world’s largest 750 cities – how the global urban landscapes will look in 2030. <https://www.oxfordeconomics.com/Media/Default/landing-pages/cities/oe-cities-summary.pdf>, acesso em 17 de setembro de 2016


Statistics South Africa. <http://www.statssa.gov.za/?page_id=993&id=city-of-johannesburg-municipality>, acesso em 17 de setembro de 2016



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