top of page

História da cidade e do urbano em Manaus

Os conceitos de cidade e urbano para a geografia dependem da noção de escala usada para compreender o real, isto é, a realidade objetiva construída por uma permanente transformação social. Ambas as concepções (cidade e urbano) carregam histórias, sendo a primeira mais específica que a segunda. O objetivo principal deste breve texto é apresentar a história de Manaus através desses conceitos.


Manaus nasce pela construção, em meados do século XVII, do Forte de São José do Rio Negro. Este ato não se caracteriza como um comportamento qualquer, pois o reino português tinha interesse em guarnecer o local contra possíveis invasões holandesas, espanholas, etc., porque a região já era considerada estratégica no território brasileiro. Em torno deste Forte origina-se um arraial constituindo-se como a capital da capitania de São José do Rio Negro, que vai se consolidar, posteriormente, no que conhecemos hoje como a cidade de Manaus. No início do século XIX este local se constitui como Vila recebendo o nome de Manaós, homenageando uma tribo indígena local, que resistiu à dominação dos colonizadores. Posteriormente, recebe o título de cidade, ainda que sua estrutura urbana fosse precária e sua população pequena, três mil habitantes.


Adentrando ao século XX a capital do Amazonas passa por uma intensa transformação devido à descoberta do Látex em sua localidade, iniciando-se o chamado “Ciclo da Borracha”. O Látex foi explorado como matéria prima necessária para fins de produção da indústria internacional por empresas com sede fora do país, advindas de países como: Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, etc. concentravam tecnologias necessárias para tal produção, cabendo ao Brasil somente a posição de explorado, como no período colonial.


Este ciclo foi, na época, o principal impulso da economia nacional transformando a cidade de Manaus em uma região de concentração de capital e estrutura urbana, ainda que o interior do estado do Amazonas fosse relegado desse processo, reforçando a ideia da existência de “tempos acelerados X tempos lentos”, sendo os primeiros, formas atualizadas em lugares hegemônicos e os segundos exatamente o oposto, como nos aponta Santos (1985). Outro ponto relevante dessa transformação foi a migração de mais de quinhentos mil nordestinos à localidade produtora, gerando um grande crescimento populacional na cidade. Os migrantes, conhecidos como seringueiros, eram submetidos a um sistema de exploração patronal marcado pelo endividamento crescente deles.


Analisando esse processo histórico compreende-se que a produção do espaço de Manaus caracteriza-se por dois pontos centrais: o efeito dos processos de tempo e mudança e as noções de forma, função e estrutura. Isto é, devido ao “Ciclo da Borracha” a cidade de Manaus constitui – se como nos dias de hoje. Um exemplo disso é dado por um importante ponto cultural da cidade, o Teatro Amazonas, finalizado no ano de 1896.


Imagem 1: cúpula do Teatro Amazonas, na época de sua construção na cidade de Haine-Saint-Pierre (Bélgica), em 1885.


Outro parâmetro de análise sobre a história de Manaus, é a transformação das coisas em objetos através da ação humana. Conforme Milton Santos (1985) “A ação humana objetiva a história natural”, ou seja, os produtos naturais tornam-se objetos a partir de uma modificação humana, pela utilização deles". Isso ocorreu com o Ciclo da Borracha. Quando o homem aplicou um objetivo para a borracha, ela perdeu seu estado de coisa e tornou-se objeto. Deste modo, a natureza vai continuamente se transformando em um sistema de objetos, submetido à ação humana.



Imagem 2 – Teatro Amazonas depois de concluídas as suas obras, em 1940.


Referências


ARCHCULTURA. Imagem 2 - Teatro Amazonas depois de concluídas as suas obras, em 1940.

Disponível em: <http://archcultura.blogspot.com.br/2012/11/serie-bicicletas-antigas-manaus-teatro.html>. Acessado em: 21/09/16.


NO AMAZONAS É ASSIM. Imagem 1 - cúpula do Teatro Amazonas, na época de sua construção na cidade de Haine-Saint-Pierre (Bélgica), em 1885. Disponível em: <http://noamazonaseassim.com.br/cupula-do-teatro-amazonas/>. Acessado em: 21/09/16.


PORTAL AMAZÔNIA. Borracha, apogeu e decadência

Disponível em:

<http://www.portalamazonia.com.br/amazoniadeaz/interna.php?id=114>.

Acessado em: 21/09/16.


PREFEITURA DE MANAUS. História de Manaus.

Disponível em:

<http://www.manaus.am.gov.br/manaus/historia/> Acessado 21/09/16.


SANTOS, Milton. Técnica, Espaço, Tempo: Globalização e meio técnico-científico-informacional. São Paulo: Hucitec, 1985, 190 p.



POSTS RECENTES
bottom of page