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Novo Recife: um projeto moderno com velhas contradições

Durante a pesquisa sobre as bases de sustentação do Projeto Novo Recife, seus interesses e contradições, questões do urbano como estrutura socioespacial e da cidade como espaço geográfico aparecem como chaves do processo. Entre as relações sociais manifestadas pela materialidade do urbano, estão as mais sofisticadas formas de penetração do capital imobiliário. O Projeto Novo Recife pretende construir 12 torres de até 40 andares, orçado em 800 milhões de reais. Com o custo do metro quadrado em torno de 4 mil, o preço inicial dos apartamentos vai variar entre 400 mil e 1 milhão de reais cada.



Fonte: Projeto Novo Recife, 2014


O Consórcio Novo Recife é formado pelas empresas Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão. Em 2008, o Consórcio adquiriu, através de leilão público, parte da área dos antigos armazéns do Cais José Estelita, na região central do Recife, que pertencia ao espólio da Rede Ferroviária Federal. O Consórcio que propõe o Projeto Novo Recife, ainda confirma em seu blog um compromisso com o desenvolvimento urbanístico, social e econômico da cidade, além da preservação de sua história.



Fonte: Projeto Novo Recife, 2014.


No entanto, o Projeto Novo Recife, em seu sentido mais amplo, vai muito além do cais. Trata-se de um projeto de segregação social, apagamento da história e da memória da cidade, possibilitado pela união desastrosa entre o poder público e o capital privado imobiliário. Esse planejamento urbano, feito para atender exclusivamente a interesses particulares, é marcado por diversas obras que não foram discutidas com a população, representam um investimento milionário para atender a uma pequena elite enquanto os mais pobres lutam pela sobrevivência na cidade.


É possível refletir a partir das aulas do Prof. Ricardo, que a história da cidade se produz através do urbano que ela incorpora ou deixa de incorporar. Um processo particularmente expressivo nas metrópoles refere-se a revanche das formas, criadas e que se tornam criadoras. Metrópoles são criadas para obedecer às grandes transformações mundiais, exercendo uma lógica internacional do capital, ao tempo que as corporações buscam dominar o mundo com cidades sem cidadãos, rígida e utilitária em função da circulação e do consumo, transformada para atender o modo de produção urbano em meio ao sistema hegemônico capitalista atual. Como forma de resistência, movimentos sociais se organizam para barrar o Projeto Novo Recife e questionam quem deve decidir os rumos da cidade.



Fonte: Manifestação, Movimento Ocupe Estelita, 2014


O vídeo Cabeça de Prédio, produzido pelo Movimento Ocupe Estelita, problematiza um novo tipo social dos grandes centros urbanos, surge em cidades segregadas e verticalizadas, normalmente se relaciona com indivíduos fixados sob aço e concreto.



Referências


DIREITOS URBANOS. Projeto Novo Recife. Disponível em: <https://direitosurbanos.wordpress.com/tag/projeto-novo-recife/> Acesso em 22 de Set de 2016.


LEPETIT, Bernard. Por uma nova história urbana. São Paulo, Edusp, 2001.


NOVO RECIFE. Consórcio novo Recife; Projeto Novo Recife. Disponível em: <http://www.novorecife.com.br/> Acesso em 22 de Set de 2016.


PASSA PALAVRA. O primeiro passo para entender a luta do Movimento Ocupe Estelita. Disponível em: <http://www.passapalavra.info/2015/06/104827>Acesso em 15 de Set de 2016.


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