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As reestrurações manifestas em Belém

Resgatando os textos já publicados, Belém, desde os meados do século XVIII, já se destacava como principal entreposto comercial da Amazônia oriental. A partir da década de 1960, o PND, Operação Amazônia e o Plano de Integração Nacional, através de investimentos estatais, para aproveitamento dos potenciais advindos dos recursos naturais de projetos como Jari, Carajás, Trombetas e Tucuruí. Mais recentemente, as participações privadas vêm aumentando. Como se tratam de grandes projetos, firmas altamente capitalizadas disponibilizam investimentos e organização que se relaciona diretamente com São Paulo, em detrimento da metrópole belenense.


Recentemente, ocorreu a reabilitação modernizadora do centro histórico comercial, na baía do Rio Guajará, mais especificamente na orla, da Estação Portuária das Docas, Complexo Feliz Luzitânia, Mercado Ver-o-Peso e a execução das obras do Projeto Ver-o-Rio e do Portal da Amazônia.

O espaço perde a forma de centro comercial-portuário para vender a paisagem de cidade turística ribeirinha. Nos dois primeiros pontos, a locação dos espaços foi elevada a ponto de selecioná-los para empresas com capital de quantia não popular.


O tradicional Mercado Ver-o-Peso foi receptáculo de intervenção urbanística pela Prefeitura em que houve uma revisão dos cadastros dos vendedores e “a grande maioria dos vendedores foi mantida no local e a eles foram oferecidos cursos sobre legislação, higiene e organização da feira” (MONTENEGRO, 2011). O Projeto Ver-o-Rio abarcou uma área ocupada pelo setor privado indevidamente e foi transformada pela Prefeitura em uma área com pequenos quiosques por famílias que participavam do Projeto Bolsa Escola.


O Portal da Amazônia mirou um espaço, também na orla, habitado por mais de 2000 famílias de população empobrecida. O empreendimento prevê a construção de avenida de quase sete quilômetros na orla sul. O capital imobiliário é um grande beneficiado nesse processo e as incorporadoras já anunciam edifícios residenciais de “alto padrão com vista para o rio” com apartamentos custando de R$ 600 a 900 mil.


Para atender as pressões do circuito superior, que se reestrutura com as novas inovações produzidas nos centros de pesquisas e difunde novas lógicas para esse espaço, seja pelos empreendimentos de grande dimensão de mineração, siderurgia e construção civil ou pelo tema das aulas 5 e 6, que são as refuncionalizações, vista nos empreendimentos urbanos mencionados. O Estado, agente produção do espaço urbano, frente às pressões dos agentes privados, ora excluiu, ora fizeram projetos inclusivos, frente a pressão de grupos descapitalizados. Com ações excludentes, como a seleção que remove pequenas produções artesanais de espaços turísticos e de entretenimento, o Estado aumentará a população empobrecida e com renda insuficiente para atender necessidades básicas.


Figura 1: Mapa pontuado com casos contemplados pelo artigo.

Fonte: Google Maps.




Figura 2: Estrutura portuária e edifícios da orla.

Fonte: http://www.igatur.tur.br/receptivo-passeio-fluvial-orla-belem-2


Referência


MONTENEGRO, M.R. Globalização, trabalho e pobreza no Brasil metropolitano. O circuito inferior da economia urbana em São Paulo, Brasília, Fortaleza e Belém. Tese de Doutoramento. USP/FFLCH/DG/PPGGH. São Paulo. 2011.


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