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As urbanizações da globalização na chamada "Área Metropolitana de Buenos Aires"

Imagem 1: urbanização fechada Nordelta


Fonte: Site oficial “Nordelta” http://www.nordelta.com/nordelta-hoy/


A partir dos anos 90 os espaços metropolitanos latino-americanos viveram processos de privatização, desregulação e abertura econômica, gerando a reestruturação deles. O fenômeno era constituído pelos fatores externos às metrópoles e ao país em que estas se encontram, que tenderam a avançar sobre os fatores internos, podendo ocasionar uma considerável perda de controle sobre os processos econômicos, sociais e territoriais que se desenvolveram nestes espaços urbanos. Estas tendências ilustraram a briga entre a afirmação de uma forte identidade local de algumas áreas da cidade e da assimilação das tendências globalizantes, em outras partes da mesma.


Tal como aconteceu em outros períodos da Argentina e em São Paulo, a maior parte dos novos fluxos de capital tenderam a se concentrar na chamada Área metropolitana de Buenos Aires (AMBA), e dentro dela, em zonas em particular. A cidade conseguiu ser recondicionada em função das lógicas de consumo e dos serviços, mesmo assim se incrementa sua função como espaço de valorização de capital, como ponto de competitividade, como forma territorial e condição de acumulação para os grandes investidores colocando em crise a relação entre espaço local e global.


Buenos Aires se tornou nesses anos uma cidade-rede, com diversos centros, constituindo em alguns casos verdadeiros arquipélagos urbanos. Isso se fortalece pelos novos investimentos estrangeiros diretos que conseguem fazer um projeto pontual isolado do contexto local. Os projetos dos investidores são, principalmente, os grandes bens de consumo ou de lazer, a rede hoteleira internacional, a conversão industrial e o maior exemplo: as novas urbanizações periféricas (bairros fechados).


Imagem 2: Ocupações informais e urbanizações fechadas na Área Metropolitana de Buenos Aires

Fonte: Instituto del Conurbano, Universidad Nacional General Sarmiento, http://p3.usal.edu.ar/index.php/miriada/article/view/3105/3751


Na década do 90 foram realizados investimentos em aproximadamente 300 novas obras de urbanização privada suburbana, como condomínios fechados e country clubs. Em conjunto ocupam uma área urbanizada de aproximadamente 30.000 hectares ou 300km². Em 10 anos houve a expansão de 10% da superfície total urbanizada da AMBA. As primeiras construções similares já tinham acontecido nos anos 60 e 70, principalmente perto das rodovias, mas eram utilizados como segunda moradia até os anos 90. Com os investimentos, foram favorecidas pela ampliação do acesso norte do autopista e de outras obras de infraestrutura e começaram nas últimas décadas a se converter em primeiras moradias de muitos habitantes delas.


Alguns desses empreendimentos, importados da globalização, tem uma enorme dimensão e se constituem em verdadeiras cidades privadas e autossuficientes, o caso paradigmático e de Nordelta, que possui aproximadamente 15 mil hectares. Essa forma de sub urbanização, que no total constitui o habitat atual ou imediatamente futuro de aproximadamente 300.000 a 500.000 pessoas, junto com os novos centros comerciais e de entretenimento geraram em grande escala as primeiras formas massivas de sub urbanização do tipo norte americano, em uma metrópole que conservou até o final dos anos 70 um padrão mais europeizado de urbanização. Finalmente elas se concebem como ilhas na cidade, acrescentando sua desigualdade social e espacial.


Referência


CICOLELLA, Pablo. (1999). Globalización y dualización en la Región Metropolitana de Buenos Aires: Grandes inversiones y reestructuración socioterritorial en los años noventa. EURE (Santiago), 25(76), 5-27. https://dx.doi.org/10.4067/S0250-71611999007600001


SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 6ºed. Rio de Janeiro: Record, 2001.



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