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Breve cenário histórico da Indústria Nacional de Cimento do Paraguai e reflexões

Para compreender as transformações dos meios de reprodução social, tanto na escala da cidade de Assunção, quanto na escala nacional e mundial, vamos discutir sobre a questão da “Indústria Nacional de Cimento do Paraguai” e os modos de acumulação.


Em 1949, na cidade de Vallemi, aproximadamente a 420 quilômetros distante de Assunção (Figura 1), em uma região com reserva de calcários, iniciou-se a construção da Indústria Vallemi S.A., uma empresa de capital privado que adquiriu maquinários da F. L. Smidth. Essas máquinas originalmente pertenciam a uma fábrica localizada na Bélgica, produzidas em 1910. A Vallemi S.A. pertencia e dependia do investimento financeiro do Grupo THYSSEN, porém neste período pós segunda guerra mundial as contas do grupo estavam bloqueadas. E então, o Banco do Paraguai começa a financiar a indústria, incorporando a maior parte de suas ações.


O interesse dessas empresas europeias evidencia um novo meio de acumulação, para o período,uma acumulação mais flexível. A flexibilidade está exposta nesse fomento para a criação das multinacionais ou empresas com participação estrangeira, o interesse na flexibilidade existente nas leis trabalhistas e ambientais tanto no Paraguai, quanto em outro país, classificado no período como subdesenvolvido. Busca-se reduzir ao máximo os custos e por isso o uso de máquinas antigas, a questão da mão de obra e a própria efemeridade financeira reafirma esse conceito.


Figura 1 - Cidade de Vallemi


Figura 1 retirada do Google Earth: Pontos em amarelo - localização das plantas da Indústria Nacional de Cimento.


Até o ano de 1968, a empresa teve muitas oscilações e neste ano entrou crise. A planta industrial estava obsoleta, a administração possuía altas dívidas com o Estado e a produção não supria a demanda nacional, principalmente o consumo de Assunção, que era necessário à importação do cimento do Brasil, da Argentina, da Europa etc. E assim, no ano seguinte o Estado cria a Indústria Nacional de Cimento e firma um acordo com a empresa alemã KRUPP, para investir em uma tecnologia mais atualizada. No ano de 1972 a empresa monopoliza o mercado nacional e somente em 1976 realiza o primeiro acordo de exportação.


É fundamental refletirmos sobre a trajetória dessa indústria, principalmente na questão da produção, do mercado interno e externo e o papel do Estado. No momento em que se estabeleceu a empresa já possuía uma grande dívida por parte de seus investidores e uma tecnologia defasada e ao longo de sua história realizou várias obras de modernização de seus meios de produção, que gerou mais problemas econômicos para o país e não impulsionou a economia nacional. Em 1975, ano da construção da hidrelétrica de Itaipu a Indústria Nacional de Cimento que poderia ter sido desenvolvido amplamente seu mercado e sua produção, não teve nenhum de seus produtos empregados nas obras de Itaipu e posteriormente também nas obras de Yacyretá.


Há uma interpretação sobre esse cenário indicado nas referências que analisa os contextos como uma sequência de fraudes por parte dos capitais privados internacionais para com o Estado Paraguaio. Essas escolhas políticas nos levam a refletir sobre as contradições urbanas das cidades de Assunção, Villeta e Vallemi que possuem plantas da “INC” e representam a reprodução ampliada da acumulação internacional de modo dialético, pois mesmo essa industria que é nacional está dentro de articulações internacionais que se expressando economicamente e espacialmente de modo contraditório.


Referência


ABC Paraguay. LA NEFASTA HISTORIA DE UN NEGOCIADO. Disponível em http://www.abc.com.py/articulos/la-nefasta-historia-de-un-negociado-168797.html



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