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Chairo x Big Mac : Forças Hegemônicas e Resistências


Imagem 1: população protestando contra o McDonald’s. Fonte: http://www.megacurioso.com.br/cultura/70218-13-paises-onde-nao-existe-mcdonald-s.htm


“En tiempos de globalización. En tiempos de crisis alimentaria. En tiempos sin tradición. Quebró McDonald’s”. Com essas palavras se inicia o documentário ¿Por que quebró McDonald’s? de Fernando Martínez (2009), que procura explicar, a partir da visão de cidadãos, empresários, sociólogos e nutricionistas, os principais motivos para o fracasso da rede no país que teve 8 franquias fechadas em 2002, além de fazer uma análise sobre a cultura alimentar do povo boliviano.


Trailer do documentário ¿Por qué quebró Mc Donald en Bolívia?, de Fernando Matínez


No contexto histórico-econômico do pós Segunda Guerra Mundial, com reestruturação econômica dos países europeus e do sudeste asiático e com a consolidação do capitalismo e o dólar como moeda mundial, o mundo tende a encaminhar-se para um mercado mundializado. O McDonald’s, pelo tamanho de sua rede e presença em diversos países, expressa bem o sentido de globalização em que a economia cada vez mais é dominada pelas as empresas multinacionais. Tais empresas se instalam em países como a Bolívia e tentam impor novas relações sociais/culturais e financeiras caracterizando aquilo que o Professor Milton Santos vai colocar como dois aspectos fundamentais da globalização como perversidade: a tirania do dinheiro e da informação. Estas são duas formas de violências do sistema ideológico “ … que justifica as ações hegemônicas e leva ao império das fabulações, a percepções fragmentadas e ao discurso único do mundo”, base dos novos totalitarismos e dos globalitarismos atuais.


O dinheiro em estado puro, sem um lastro material, se constitui como capital financeiro que se dá no âmbito da especulação de futuras aplicações/investimentos e regula a vida social e econômica. As franquias multinacionais, como as redes do McDonald’s, são resultantes de tais investimentos. Já a tirania da informação se dá através dos meios técnicos que permitem a produção e disseminação de tais informações sob controle dos agentes homogeneizadores (Estado e/ou as grandes corporações) que manipula as informações apregoando uma ideologia que antecede as ações humanas: como é o caso da tentativa de uma padronização cultural pelo o consumo.


Contudo, tais forças homogeneizadoras encontram resistências como a ocorrida na Bolívia. De raíz indígena, a população paceños valoriza muito as comidas locais e o modo como são preparadas com batata, milho, trigo e carnes e miúdos. Retrato dos pratos de La Paz são os principais mercados da cidade como o Buenos Aires, o Rodríguez ou El Tejar. Nesses mercados se encontra uma enorme dinâmica, sendo vendidos e comprados entre pescados, hortaliças, carnes, legumes, frutas e até linhas para bordado.


Imagem 2: diversidade de produtos no mercado Rodríguez Fonte: http://reyquibolivia.blogspot.com.br/2012/03/mas-del-25-de-los-alimentos-de-los.html.


Em 2015, treze anos após sua partida, o McDonald’s retornou, e atualmente possui 1 restaurante em La Paz, o único do país, não constando nem mesmo no site oficial internacional da rede, e o Burguer King, a segunda maior cadeia de fast food do mundo opera somente 7 restaurantes na cidade.

Resta esperar para ver se o modo de vida tão rápido e massivo que chega a nós também através da alimentação vingará desta vez, ou será rejeitada novamente.


Referências


Burger King Bolivia. https://www.facebook.com/BurgerKingBolivia/. Acessado em 28/09/2016.


Eabolivia. http://www.eabolivia.com/blogs/23081-platos-tipicos-de-la-paz.html. Acessado em 28/09/2016


Official McDonalds Bolivia.

https://www.facebook.com/OfficialMcDonaldsBolivia/?fref=ts. Acessado em 28/09/2016


SANTOS,M. Por uma outra globalização. São Paulo, Ed. Record, 2000.


Tokitan TV. http://tokitan.tv/autentico-mercado-la-paz-rodriguez-bolivia#. Acessado em 28/09/2016










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