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O processo de gentrificação em Shangai

O começo do século XIX, apenas 5% da população mundial vivia em cidades; já por volta de 200 anos depois, em 2008, esse número se equiparou, ficando cada lado com 50%. Em 2030 esse número vai aumentar para 60%. Todo esse processo migratório gera uma intensa transformação no espaço urbano e nas cidades.


Durante o desenvolvimento industrial, foram-se formando zonas nas cidades maiores, bolsões que concentravam certas características em comum. Desenvolveram-se zonas industriais em Londres, Machester e Liverpool, assim como zonas residenciais extremamente pobres que abrigavam os operários. Em outras localidades, grandes ferrovias ligavam zonas produtoras de matéria prima com o litoral para facilitar o escoamento nos países subdesenvolvidos. Dentre essas transformações , haviam aquelas que “enobreciam” determinados lugares, e isso se deu de forma cada vez mais acentuada durante o processo de globalização mais intenso, principalmente ligado à informação da era digital, que é assegurada por normas e políticas que garantem essa transformação.


O enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, ou gentrificação, da expressão inglesa gentrification (um neologismo em português) consiste num conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervenção governamental, nas mais variadas cidades do mundo e diz respeito à retirada de moradias, que pertencem a classes sociais menos favorecidas, de espaços urbanos que subitamente sofrem uma intervenção urbana, favorecendo o crescimento das cidades. A expressão da língua inglesa gentrification foi usada pela primeira vez pela socióloga britânica Ruth Glass em 1964, ao analisar as transformações imobiliárias em determinados distritos londrinos.


Mais recentemente vários estudos acadêmicos consideram que a gentrification tenha se generalizado pelo mundo todo e seja uma das manifestações da globalização. Numa visão mais crítica: “Gentrificação é o processo de encarecimento da vida, que torna regiões inteiras acessíveis para poucos” (Arquitetura da Gentrificação). Ou seja, a cada reestruturação, acontecem mudanças no espaço urbano, fator esse que gera a criação de “espaços de globalização”, comprovando assim que a globalização é, também, um processo discriminador, segregador.


Xangai é o centro econômico chinês e, nesse cenário de globalização informatizada, exerce um papel primordial no país. Dentro dele, como em toda metrópole que segue a lógica capitalista, é possível encontrar um exemplo claro desses “espaços da globalização”. Pudong, o centro financeiro da cidade, era uma área de cultivo no meio rural até 1990 (até que o governo chinês decidiu implantar uma Zona Econômica Especial no distrito) e possui elementos que exemplificam essa lógica. Por exemplo, lá funciona o Xangai Transrapid, que é a primeira linha de trem de alta velocidade maglev (Magnetic levitation transport) comercial do mundo e abriga ainda importantes marcos arquitetônicos como a Jin Mao Tower, a Oriental Pearl Tower e o Shanghai World Financial Center.


As transformações ocorridas na paisagem urbana de Xangai traduzem as transformações ocorridas na China nas últimas 3 décadas. Mas isso trouxe diversos problemas sociais e ambientais, como o surgimento de favelas e altos índices de poluição. Aparentemente, nada de novo, somente a manifestação conhecida do mercado global capitalista.


Foto 1: Pudong em 1987 e 2013

Fonte: Eco Debate, 2014



Foto 2: Favela em Xangai

Fonte: MDig, 2011


Referencias


ALVES, José Eustáquio Diniz. Xangai: Gentrificação Do Distrito De Pudong, 2014. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2014/02/12/xangai gentrificacao-do-distrito-de-pudong-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/. Acessado em 29/09/2016.


Redação. Favelas de Xangai, 2011. Disponível em http://www.mdig.com.br/?itemid=22338/. Acessado em 29/09/216











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