Qual o legado dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro?
O Rio de Janeiro foi o grande anfitrião dos Jogos Olímpicos, um evento esportivo internacional que trouxe muitos turistas à cidade cartão postal do Brasil.
Apesar do gasto excessivo, as diferença sociais foram mais acentuadas, através da repressão contra manifestações desfavoráveis ao governo presidencial e populações das comunidades.
Vera Malaguti Batista, professora de criminologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que terceirização de funcionários públicos e privatização de serviços básicos, consequências das gestões do PMDB na prefeitura do Rio, são os grandes responsáveis pela atual situação. Ainda segundo ela, a falta de projeto para o povo do Rio e o favorecimento das grandes empresas transnacionais, como o trabalho realizado para a urbanização da área portuária, removeu populações e cenários históricos da cidade.
Houve um aumento da violência e mortes causadas pela polícia desde que o Rio se tornou cidade-sede dos Jogos Olímpicos, segundo dados da ONG Anistia Internacional e Instituto de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
A grande festa Olímpica foi coroada de desrespeito às condições humanas e violações de direitos básicos na contradição do projeto do desenvolvimento urbano. Ao mesmo tempo em que são realizados investimentos públicos para o sistema de transporte e estruturas poliesportivas, muitas famílias na zona oeste do Rio, nas margens da Avenida das Américas relatam as remoções que aconteceram sem nenhum diálogo ou acordo. O que imperou foi o abuso de poder, estado de exceção terminando com a demolição de moradias e pequenos comércios ainda com os pertences dentro. Alguns estavam em seu horário de trabalho e outros receberam ordem para desocupar as casas no mesmo dia.
Questiona-se se o desenvolvimento urbano não possa acontecer junto com o diálogo com a população, informações e o modo visível do que se propõe, integrando assim diferentes autores sociais e institucionais. Ou seja, se o Rio não conseguiu com suas ações truculentas resolver questões básicas estruturais, por que não seguir o modelo de sociabilidade e o diálogo, para resolução de questões junto à comunidade e ao bairro de interesses das famílias locais.
Temos que ressaltar que o ministro da Justiça no governo atual tem demonstrado através dos seus atos a truculência de um policial e não o guardião dos direitos dos cidadãos e da Constituição.
Segundo Vera, segurança pública não significa vigiar a população, mas se criar políticas públicas para a educação, saúde, transporte, iluminação pública e policiais bem treinados e próximos da população. O que se apresenta atualmente é um contingente de policiais prontos para uma guerra civil.
A ansiedade que antecede as Olimpíadas no caso do Rio, juntou-se a vários outros acontecimentos como a recessão econômica, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, epidemia de zika, criminalidade, poluição da água e acusações de corrupção das autoridades municipais.
Em contraposição ao governo municipal do Rio e Comitê Olímpico Internacional que afirmam que o evento estimula o desenvolvimento econômico e dão destaque mundial à cidade anfitriã, adversários políticos, críticos acadêmicos, moradores que perderam suas casas e ativistas ambientais afirmam que a Olimpíada destrói, perturba e tende a beneficiar a elite rica.
Para se avaliar de fato a cidade é necessário se verificar o legado para os moradores do Rio. Quantas pessoas foram desalojadas nestas construções da Olimpíada? Para onde foram levadas, como foram ressarcidas e quem se beneficia com as novas propriedades das áreas centrais deixadas por estes moradores.
A uma estimativa que o Rio deslocou 22,1 mil famílias em 2015 (com 3,5 pessoas cada uma em média), 20,2 mil famílias em 2014, 19,2 mil em 2013. Esses cálculos são fornecidos no livro Remoções no Rio Olímpico dos críticos Lena Azevedo e Lucas Faulhaber: “Para que as Olimpíadas deixem um legado, todos esses atores têm de aproveitar a oportunidade e fazer esforços. Do contrário, os Jogos passarão e continuaremos com a tragédia de 60 mil mortos por ano no País.”
Figura 1: Remoções marcaram os preparativos dos Jogos
Fonte: Fernando Frazão / Agência Brasil
Figura 2: Engenhão, o estádio olímpico dos Jogos de 2016
Referências
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/qual-rio-de-janeiro-as-olimpiadas-revelam
http://www.cartacapital.com.br/especiais/infraestrutura/projeto-porto-maravilha-revitalizara-centro-e-zona-portuaria-do-rio
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/olimpiadas-truculentas
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/rio-2016-quem-sao-os-verdadeiros-ganhadores-e-perdedores
Figura 1 – Figura 2 - http://www.cartacapital.com.br/sociedade/rio-2016-quem-sao-os-verdadeiros-ganhadores-e-perdedores