A Globalização e seus contrastes em Detroit
A localização de Detroit foi primordial para seu nascimento e crescimento; situada às margens dos lagos Huron e Erie, a cidade permitiu o estabelecimento de diversos estaleiros para construção naval. A infraestrutura desenvolvida, voltada ao transporte aquático, atraiu investimentos de diversas outras manufaturas, e em 1896, o crescimento urbano desenfreado gerou um novo plano de transportes para a cidade que crescia engolindo cidades e povoados vizinhos, o que permitiu que Henry Ford começasse a construir seus primeiros carros em um galpão alugado.
Ao longo do tempo, Detroit teve sua imagem “expandida” para o mundo, desenvolvendo uma forte indústria automobilística e recebendo imigrantes como mão-de-obra para trabalhar nas Três Grandes Indústrias (Ford, GM Chevrolet e Chrysler), além de uma indústria bélica que chegou a fornecer armamentos durante a Segunda Guerra Mundial; dessa forma, Detroit tornou-se um dos grandes centros financeiros, comerciais, culturais e de transporte dos Estados Unidos.
Detroit, 1954 (DailyNews)
No entanto, a partir da década de 1970 a cidade de Detroit deu início a um declínio exponencial, devido principalmente à concorrência que se estabeleceu com a indústria automobilística que florescia tanto noutros estados da nação, quanto em outros países, como Alemanha e Japão; em praticamente meio século a cidade foi se esvaziando, com muitos edifícios abandonados: segundo DAVID, a população que por volta de 1950, era de aproximadamente 1.800.000 habitantes, passou a apenas 700.000 em 2008.
Essa queda do poder de Detroit se deve, segundo SILVA, pela globalização industrial. A globalização acabou por espalhar a produção de automóveis pelo mundo, seguindo os interesses do capital, por mão-de-obra mais barata e por burocracias fiscais menores. Com a concorrência massiva, o desemprego aumentou drasticamente em Detroit, fazendo com que a cidade perdesse mão-de-obra, além da estratégia de “pagar menos” quando havia empregos, e assim houve a consequente migração, acarretando na diminuição progressiva da população da cidade.
A crise econômica de 2008 ilustra uma Detroit “parada no tempo”, sem avanços significativos no meio técnico-científico-informacional; a produção automobilística tem um desempenho pífio e isso contribuiu para uma crise econômica cujo destino da cidade foi a eminente falência. Com o êxodo que ocorreu ao longo do tempo, a especulação imobiliária na cidade caiu bruscamente, e hoje se observa um perfil diferente nos habitantes de Detroit: muitos estrangeiros passaram a procurar casas na cidade, tendo em vista a baixa valorização dos imóveis.
Detroit, 2012 (Dailymail)
Por outro lado, apesar da globalização ter trazido grandes perdas à cidade (o que já é um paradoxo), também trouxe um auxílio a longo prazo. Com a globalização e o novo perfil dos moradores da cidade, há o intercâmbio cultural, que pode resultar numa renovação técnico-científico-informacional, como disse SANTOS (2000). Exemplo disso são as empresas automobilísticas, destacando as japonesas e chinesas, que introduzem novas técnicas de produção, além de atrair empregos. Outra contradição da globalização, não menos importante, destaca ainda a atração de capital, de investimentos vindos de diversos lugares do mundo.
Bibliografia:
http://www.sociologia.com.br/o-fim-da-era-detroit-e-o-dia-do-trabalho-no-brasil/
http://www.academia.edu/5192163/What_is_the_impact_of_globalization_in_Detroits_Bankruptcy