Santiago em transformação: as mudanças na fisionomia da cidade a partir de 1930
Imagem 1 – Vista aérea de Santiago (1929)
Com o desenvolvimento da exploração do salitre no século XIX no norte do país e a expansão da agricultura no vale central, a economia do Chile desenvolveu um mercado interno forte e um Estado mais atuante com esse acúmulo de capital. Nesse contexto, o afluxo desse investimento foi para os centros urbanos, sobretudo para a capital Santiago, em uma iniciativa de desenvolvimento de uma indústria nacional. A migração de camponeses e dos mineiros à capital, sobretudo pós-Crise de 29, na procura de trabalho gerou um boom de habitantes muito significativo. Esse protagonismo foi essencial na ampliação da centralidade da cidade, sobretudo a partir da década de 30, onde observou-se o início de um processo de desenvolvimento acelerado.
Houve um processo de povoamento das áreas mais periféricas da cidade em diferentes ritmos e intenções: as classes mais ricas ocuparam a porção oriental de Santiago; as mais pobres avançaram pelo norte e a porção ocidental foi ocupada por setores da classe média. O centro passou a concentrar as funções administrativas e comerciais em um processo articulado com o avanço das tecnologias de transporte, onde a urbanização conseguiu se expandir sobre rodas em uma cidade com maior possibilidade de mobilidade – ainda que ela tenha sido seletiva.
Imagem 2 – Calle Puente e o trânsito dos micro-ônibus (1958)
Em 1940, a cidade contava com 952.075 habitantes; em 1952 já contava com 1.350.409, chegando a quase 2 milhões na década de 60 – nesse mesmo período a área da cidade triplicou. Nesse contexto, as iniciativas urbanísticas começaram a tomar forma: em 1934, a primeira mais significativa foi elaborada pelo urbanista Karl Brunner em um projeto que não dimensionava o potencial de crescimento da cidade e o papel crescente da periferia. Já em 1960, o plano regulador intercomunal procurou orientar um crescimento futuro planejado, com o intuito de definir questões referentes à circulação e a ocupação dos espaços urbanos – indústrias foram afastadas do centro e os perímetros urbanos e sub-urbanos melhor delimitados em uma racionalização da cidade.
Em 1979, durante o período militar, foi desenvolvida uma política nacional de desenvolvimento urbano, mudando completamente o plano de 1960 – flexibilização da ocupação do espaço urbano gerando diversas consequências negativas, sobretudo para a população mais carente. Aumento da segregação espacial, avanço sobre terrenos agrícolas, centro velho descuidado – nuances de um crescimento que se mostrou desordenado e ampliou os problemas santiaguianos em extensão e para um número maior de habitantes.
Em 1994, com o fim do regime, tentou-se mitigar esse crescimento desordenado que gerou um problema ambiental grave em um paradigma que comporta o pensar da cidade nesse século XXI: a questão da poluição do ar, questão emergencial para a discussão dos habitantes da cidade de hoje.
Referências:
MEMÓRIA CHILENA – Los sistemas de transporte público en Santiago. Disponível em: http://www.memoriachilena.cl/602/w3-article-3706.html. Acesso em 30 set. 2016
MEMÓRIA CHILENA – Santiago (1930 – 2006). Disponível em: http://www.memoriachilena.cl/602/w3-article-3414.html. Acesso em 30 set. 2016
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