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Fluidez monetária em Johanesburgo

A contínua reprodução do capital concebeu condições para um novo cenário mundial caracterizado por uma dinâmica de fluxos econômicos e financeiros em múltiplas escalas.


A intensidade da velocidade de movimentações e transações financeiras amparadas pelo desenvolvimento tecnológico de comunicação e informação permitiu a unificação dos mercados mundiais. Surge uma nova forma de fluir o dinheiro pelo mundo. As transações monetárias eletrônicas agora ocorrem numa simultaneidade espaço-temporal permitindo que o capital circule livremente entre as empresas e os países em tempo real.


Na obra "A morte do dinheiro", Noel Kurtzman, explica que o dinheiro em sentido tradicional, morreu há décadas, quando foi substituído por uma economia de títulos de crédito chamado de "dinheiro megabyte". Nessa conjuntura, uma simples informação pode alterar preços instantaneamente no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, a instabilidade dos valores pode gerar um desastre financeiro.


Sob esse pano de fundo, em Joanesburgo é possível dizer que, embora tenha tido uma exploração mineral intensiva até os anos 70 a diversificação das atividades econômicas incorporadas na cidade, fez com que, desde os anos 90 maior parte das sedes de empresas transnacionais com investimentos no país (70%) e grande número de filiais de atuação no continente africano se concentrassem na cidade. Johanesburgo é reconhecida entre as cidades emergentes do mundo, com o destaque de sua boa avaliação em indicadores como “facilidade de realizar negócios”.


A Bolsa de Valores em uma cidade possui uma condição multiescalar, implicando a simultânea junção do local com o nacional e o global. Há uma interação entre um espaço financeiro global construído a partir da tecnologia digital e o espaço real das Bolsas de Valores, localizadas nas cidades, onde encontram condições para se instalar e funcionar tornando-se um tipo de plug desse sistema.


Em Johanesburgo, a bolsa de valores de nasceu ainda no período pré-independência (1887) com a denominação de Johannesburg Stock Exchange – JSE era voltada para a viabilização do financiamento das atividades de mineração que ocorria ao entorno da cidade, e desde então tem tido importante papel na vida econômica da cidade, e atualmente na condição de centro financeiro da África do Sul.




Figura 1 - Johannesburg Stock Exchange – JSE - 1887. Fonte: Google imagens, 2016


Nos anos 2000 houve mudança na denominação e a bolsa de Johanesburgo passou a se chamar JSE Securities Exchange South Africa reforçando a parte financeira da instituição, incorporando a sua denominação o termo securities. Em 2001, a JSE fundiu-se com a Bolsa Sul-Africana de Futuros e, no ano seguinte, passou a ter o seu índice calculado de acordo com a Classificação Global. Foi também em 2001 que a JSE decidiu iniciar um processo de adequação de seu modelo europeu e desde 2002 a Bolsa passou a operar em tempo real, sendo seus índices comparáveis a quaisquer outros do mundo.


Figura 2 - JSE Securities Exchange South Africa. Fonte: Google imagens, 2016


Referências


KURTZMAN, Joel. A morte do dinheiro. Como a economia eletrônica desestabilizou os mercados e criou o caos financeiro. São Paulo, Ed. Atlas, 1995.


MATTOS, Margarida Maria C. L. As Cidades Mundiais do Sul: Mumbai, São Paulo e Joanesburgo. Rio de Janeiro: UFRJ-PPGG, 2009.


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