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Recife, da cana à especulação imobiliária

Recife há 25 anos não deixa o cargo de cidade mais desigual do país, quando se trata de concentração de renda, numa escala que vai de 0 a 1, o Recife ocupa nada menos que 0,6894. O histórico escravocrata e extrativista (cana de açúcar) da cidade é o responsável, pois diferente de outras cidades que foram importantes no período colonial (Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo), não houve uma grande transformação econômica na cidade, no sentido de maior exploração de outros ramos econômicos na cidade, diversificando aspectos políticos, sociais e econômicos.


Numa cidade baseada economicamente em produção açucareira o fim da escravidão gerou dezenas de milhares de pessoas desocupadas, e as décadas passadas só aumentaram esse contingente. Entretanto, a economia pouco dinâmica não absorveu essa mão de obra de uma maneira ao menos parecida com outras capitais: a maioria esmagadora da população que permanece na cidade (pois há um intenso fluxo para cidades maiores como São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente de homens) não tem outra opção que não empregos muito precários, pois os cargos mais especializados são reduzidos para uma ínfima parte da população.


A mão de obra pouco qualificada, com a maioria de mulheres, somada ainda com o fluxo migratório do campo para a cidade, a média salarial da cidade é muito baixa. Recentemente houve conquistas no que diz respeito tanto a serviços básicos de saúde e educação e direitos trabalhistas.


Capa de jornal e Recife de Dezembro de 2005 sobre a desigualdade social

A não inserção do setor fabril e financeiro na economia de Recife está ligada primeiramente a prioridades em que Estado e empresas privadas dão para projetos futuros e seus respectivos retornos (no caso das empresas, financeiros). Recentemente Recife assiste a inserção do capital financeiro da cidade a partir de grandes construtoras e imensos projetos imobiliários. No entanto, essa injeção de capital na cidade não diminui suas desigualdades, muito pelo contrário, o contraste é ainda mais gritante, porque além da desigualdade velada do cotidiano cada vez mais a desigualdade de grandes periferia miseráveis se contrastam com bairros nobres ao lado.


O histórico extrativista deu para cidade bairros históricos que são preservados e tentam resistir a especulação imobiliária, até porque, o turismo é um setor relativamente importante numa cidade histórica como Recife. Recentemente, inclusive, esse assunto foi abordado em um filme nacional dirigido por Kleber Mendonça Filho: "Aquarius". Esse filme teve grande repercussão nacional e internacionalmente, tanto por ser considerado um dos melhores filmes dos últimos tempos nacionais por alguns críticos, como porque o elenco fez uma intervenção no Festival de Cannes esse ano contra o processo de golpe institucional sofrido pelo Brasil.


Tanto por se colocarem contra o governo golpista, como por fazerem uma crítica muito madura e profunda contra o capital financeiro e a especulação imobiliária houve reações contrárias a esse grande filme de um setor influente política e economicamente aqui no Brasil. No entanto isso não foi o suficiente para impedir o grande sucesso que foi no cinema, inclusive com uma atuação maravilhosa da atriz Sonia Braga.


Propaganda feita pela produção do filme nas redes sociais após o lançamento


Referências


Propaganda feita pela produção do filme nas redes sociais após o lançamento

http://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/recife-capital-brasileira-da-desigualdade/

RECIFE: transformações na ordem urbana- editado por Maria Angela de Almeida Souza ,Jan Bitoun



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