top of page

Zona franca de Manaus no contexto da globalização

A década de 1970 foi a década de grandes transformações econômicas no mundo, e suas implicações nas relações sociais, políticas, ambientais e econômicas são sentidas até hoje. A crise do Petróleo, o declínio do sistema Fordista, o fim da paridade Ouro-Dólar, o nascimento das Transnacionais e principalmente, a Globalização modificaram significativamente o espaço geográfico.


Imagem 1: Trabalhadoras da indústria de eletrônico na Zona Franca de Manaus. Fonte: SUFRAMA INVEST.


A Zona Franca de Manaus (ZFM), embora tenha sido um projeto anterior a tais acontecimentos, teve um papel importante na reestruturação do capital, sobretudo com as inovações informacionais e tecnológicas, que permitiu o deslocamento de unidades produtivas para os ditos países do terceiro mundo, onde as normas jurídicas de trabalho são menos rígidas, a mão-de-obra mais barata, os subsídios governamentais mais abundantes, além de concessões para instalação das fábricas e infraestrutura necessária para seu funcionamento, adentrando em uma nova fase no processo de acumulação de capital em escala global.


Foi justamente em meados da década de 70, que Manaus recebe as “primeiras plantas industriais dos grandes produtores mundiais americanos e europeus do setor eletrônico e de veículos sobre duas rodas” (LIMA & VALLE, 2013) reestruturando, não somente o capital mundial, mas também toda a geografia da cidade. A paisagem antes de mata úmida é aos poucos substituída por grandes monumentos industriais, a migração também é crescente, entre estrangeiros que entram no país ocupando cargos especializados dentro das indústrias e de outras regiões do Brasil e do interior da Amazônia, compondo a mão-de-obra não tão bem paga e não especializada, trabalhadores informais, ou ainda compondo a massa de desempregados que habitam a cidade, todos, ocupando lugares precários de Manaus que cresce de forma desordenada.


Carlos Jacob Lima e Maria Izabel Medeiros Valle (2013) publicou recentemente alguns dados sobre os investimentos financeiros estrangeiros, em que, “entre 1967 e 1975, há a predominância de investimentos oriundos dos EUA; a partir de 1975 observa-se a presença significativa do capital japonês e, de 2000 em diante, incremento dos investimentos asiáticos, notadamente sul-coreanos e chineses”. E isso pode ser notado devido ao grande número de projetos aprovados e implantados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) que no período “entre 1967 e 2008: de 208 a 417 empresas, a maioria de origem estrangeira: europeias (Finlândia: Nokia; França: Essilor; Países Baixos: Phillips), asiáticas (Japão: Honda, Yamaha, Sony, Panasonic; e Coréia do Sul: Samsung, LG Eletronics, Proview) e americanas (EUA, Canadá, Colômbia: AMBEV, e Argentina: Texpet)”.


Outro fator que podemos constatar na ZFM é a elevada margem de lucros proporcionada pelos baixos salários (LIMA & VALLE, 2013) mostrando, fortemente, uma precarização das relações de trabalho, pois o Pólo Industrial acompanhou uma tendência mundial da implantação do Toyotismo, que acompanhado, nos anos 1990, pelas medidas brasileiras de terceirização de parte da produção resultou em rebaixamento salarial e piora nas condições de trabalho, mesmo sendo o 4º PIB industrial do país.


Referências


LIMA, Carlos J. & VALLE, Maria Izabel M. Espaços da Globalização: Manaus e as fábricas na Amazônia. Revista Contemporânea. Belém, v. 3, n. 1, p. 73-88, Jan.–Jun. 2013


SUFRAMA INVEST - Imagem 1 – Trabalhadoras da indústria de eletrônicos da Zona Franca de Manaus. Disponível em: < http://www.suframa.gov.br/invest/zona-franca-de-manaus-contrapartida.cfm>


POSTS RECENTES
bottom of page