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Suburbanização e a descontinuidade territorial em Tóquio

Conforme seu rápido crescimento no período pós-guerra, Tóquio enfrentou um forte influxo populacional que culminou na elevação do preço do terreno e a ocupação de áreas mais acessíveis da periferia metropolitana, causando uma rápida expansão dos limites urbanos da metrópole. A forte demanda habitacional impulsionou estratégias para o desenvolvimento urbano que se refletiram em programas de renovação e em políticas de descentralização incentivadas pelo Estado e por investimentos do setor privado. Uma crescente necessidade por espaço fomentou o redesenho da arquitetura das residências de madeira que até então existiam nos bairros extensos da primeira periferia e que foram demolidas e substituídas pela difusão de modernos apartamentos e de uma intensa verticalização da metrópole que combinava uma avançada técnica com otimização do pouco espaço disponível. Dentre as estratégias territoriais e locacionais implantadas para aliviar a pressão habitacional e redistribuir a população pelo território surgem novas formas de produção do espaço urbano.



Imagem 1: Fotografia de 2010 do Suwa Danchi de Tama New Town: conjunto habitacional no oeste de Tóquio, em plano de ser redesenvolvido para novos condomínios. Fonte: KYODO PHOTO. Disponível em: <http://www.japantimes.co.jp/community/2011/11/01/how-tos/japans-new-towns-are-finally-getting-too-old/> Acesso em: 28 out. 2016.


Durante as décadas de 60 e 70, ocorre a difusão pela metrópole de Tóquio do fenômeno da implantação de grandes empreendimentos imobiliários e de conjuntos habitacionais de localização periférica. Diversos empreendimentos foram construídos pelo governo visando à criação de comunidades de trabalho e de vida integrados na periferia. O mais célebre deles é o “Tama New Town” tido como um dos maiores conjuntos habitacionais do Japão. Tama é uma cidade da província de Tóquio localizada a aproximadamente 20km do centro, sendo também administrado pelo governo metropolitano de Tóquio. Ligado à ideia de modernidade, a propaganda do empreendimento ilustrava a reemergência do Japão no pós-guerra como um país desenvolvido, assim inaugurando o boom de condomínios e apartamentos como um novo paradigma na forma dos assentamentos urbanos.


Imagem 2: Detalhe da Região Metropolitana de Tóquio. Destaque para a cidade de Tama. Fonte: Google Maps. Acesso em: 28 out. 2016.



Imagem 3: Propaganda do empreendimento “Tama New Town”. Fonte: TAMA Tokyo Metropolitan Government. Disponível em: <http://www.toshiseibi.metro.tokyo.jp/newtown/e/#> Acesso em: 28 out. 2016.


Paralelamente, como forma de viabilizar a implantação de tais empreendimentos, agregar valor e garantir retorno aos investimentos ocorre o desenvolvimento de infraestruturas, em especial dos meios de circulação e comunicação que no mesmo período possibilitaram o deslocamento entre regiões cada vez mais distantes em menor tempo e aumentaram a articulação entre diversos pontos do território. Uma vez que os loteamentos nascem em um contexto de descontinuidade do tecido urbano, tais estratégias de melhorias em infraestrutura tentam superar esta descontinuidade territorial visando promover uma continuidade espacial (SPOSITO, 2007).


Contudo, considerando uma nova escala temporal, recentemente estes empreendimentos talvez estejam passando por uma nova descontinuidade da forma e que demande uma nova reestruturação. Como o Japão se constitui em um arquipélago fronteiriço a limites de placas tectônicas, a constante ocorrência de atividades sísmicas permeia significativamente a vivência da população e isso se reflete nas práticas socioespaciais e na forma como a urbanização ocorre. Em 1981 se torna vigente regulamentação que impõem que os edifícios sejam construídos à prova de terremotos, o que implica que parte destes condomínios que foram implementados antes da norma passem por uma extensa remodelação ou demolição e reconstrução. Fato que atualmente tem enfrentado certa resistência por parte dos moradores.


Referências:

SOJA, Edward W. “A geografia histórica da reestruturação urbana e regional”, In “Geografias pós-modernas: A reafirmação do espaço na teoria social crítica”. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993.

SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão. “Novas formas de produção do espaço urbano no Estado de São Paulo”. In Brasil – Estudos sobre dispersão urbana. São Paulo, FAU-USP, 2007.

DELAQUA, V. “Perspectivas sobre Tóquio: Estratégias para o novo desenvolvimento urbano.” Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-108308/perspectivas-sobre-toquio-estrategias-para-o-novo-desenvolvimento-urbano> Acesso em: 28 out. 2016.

BRASOR, P., TSUBUKU, M. “Japan’s ‘new towns’ are finally getting too old” Disponível em: <http://www.japantimes.co.jp/community/2011/11/01/how-tos/japans-new-towns-are-finally-getting-too-old/> Acesso em: 28 out. 2016.

<https://en.wikipedia.org/wiki/Tama,_Tokyo> Acesso em: 28 out. 2016.


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