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La Paz e a integração econômica global

O processo de industrialização da Bolívia, assim como os demais países da América Latina, está ligado ao um contexto histórico-econômico de nível mundial, como conseqüência do plano de recuperação econômica dos países europeus e do sudeste asiático no pós Segunda Guerra Mundial, financiado pelo o EUA (Plano Marshall e Plano Colombo). Tais planos tiveram como base financeira uma valorização da moeda dólar, uma equiparação da moeda ao ouro (paridade ouro-dolar). Com a reinserção desses países no mercado global e o colapso do padrão ouro-dolar, sobra uma grande quantidade de dinheiro no mercado financeiro, dinheiro em seu estado puro, ou seja, sem lastro material e desvalorizado financeiramente e é justamente este dinheiro sobrante que vai financiar a industrialização no terceiro mundo no qual se insere a Bolívia.


A nova dinâmica econômica pós 1970, tornando mais flexível as formas de produção e centrada prioritariamente na circulação tanto de mercadorias quanto de pessoas e informação, causa uma transformação na configuração do espaço, e nesse sentido a cidade de La Paz como a principal cidade do país se constitui com um bom exemplo: a parte baixa da cidade, área de primeiros povoamentos, em que a estrutura urbana, passa de pequenas ruas estreitas para grandes avenidas como Avenida Ballivián que corta o bairro de classe média alta denominado Caracoto e a Avenida Mariscal Santa Cruz, onde se encontram os grandes empreendimentos, as embaixadas estrangeiras, sedes de bancos e escritórios das principais empresas instaladas no país, permite o acesso ao aeroporto internacional e se constitui como o local de maior concentração dos meios técnicos científicos e informacional, permitindo uma ligação com o resto mundo, ou seja, um ponto de integração global.

Avenida Mariscal Santa Cruz , La Paz - Bolívia. Fonte: La Razón.

Entretanto, essa reestruturação espacial se forma descontinuamente no território, enquanto a parte baixa da cidade é dotada de mecanismos que os insere na globalização, a parte alta da cidade apresenta outro padrão; quando se sobe a vertente dos Andes o cenários é outro, um urbano sem muita infraestrutura modernas, moradias precárias, algo próximo ao que conhecemos como favelas, onde reside a população pobre. Contudo, essas áreas estão, de forma marginal, interligadas ou influenciadas pelas as dinâmicas econômicas da parte baixa.


Como bem afirma Edward Soja, ao problematizar a questão da reestruturação espacial, “...nessa paisagem mais ampla, há uma dialética dinâmica e contraditória do espaço e do tempo, da ação humana e da restrição estrutural, uma geografia histórica tocada em muitas escalas diferentes, desde as práticas rotineiras da vida cotidiana até os rearranjos geopoliticos mais distantes de uma divisão espacial global do trabalho” (SOJA, pg.191)


Referências


La Razón, diponivel em: http://www.la-razon.com/ciudades/Paz-bloqueada-choferes-alistan-indefinido_0_1770422965.html, acesso no dia 25 de outubro de 2016.


SILVA, Pedro Augusto Hauck de. Reflexões Sobre a Geografia Urbana de La Paz - Bolívia . Anais do X Encontro de Geógrafos da America Latina. USP, 2005


SOJA, Edward W. A geografia histórica da reestruturação urbana e regional in Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica.



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