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O passado e presente de Manaus: relações do processo de reestruturação urbana com a lógica espaço-te

Um processo evidente quando falamos de capitalismo e a relação deste com o urbano está na refuncionalização do espaço. Ela é marcada por diferentes organizações do espaço urbano de acordo com os períodos históricos, desde sistemas pré-capitalistas até o momento atual do capitalismo. No caso de Manaus, ela demorou a ter relevância para o cenário nacional após sua fundação em 1669, tendo somente despontado como uma cidade relevante para o cenário nacional no fim do século XIX, com o Ciclo da Borracha. Dessa forma, o papel e a estrutura da cidade modificaram-se, com a chegada de vários imigrantes e, esse fato criou uma demanda por comércio e serviços, caracterizando mercantilização da cidade. Por isso, o espaço urbano foi sendo transformado, sendo a infraestrutura dela adequada ao novo cotidiano que, passo a passo, se instaurou, como demonstra Araújo (2009, p. 34):


“Quanto aos serviços públicos, foi implantado um sistema portuário moderno, um sistema de abastecimento d’água domiciliar, bem como serviços de esgoto, de iluminação elétrica, de telefone e de telégrafo subfluvial. Além disso, construíram-se alguns prédios públicos monumentais como o Teatro Amazonas e o Palácio da Justiça, os quais hoje são referências da cidade. E também foram edificadas a Biblioteca Pública, a Alfândega e a Penitenciária”.



Imagem 1 – Seringueiro extraindo látex, no período do Ciclo da Borracha


A partir dessas mudanças, a indústria manauara foi se fortalecendo, sobretudo a partir da Zona Franca de Manaus (já abordada em textos anteriores), o que solidifica a passagem da cidade para a fase do capitalismo industrial. Após esse período, no contexto nacional o capital financeiro avançou, mas só as metrópoles nacionais acompanharam de fato esse avanço, com destaque para São Paulo, não só na inclusão, mas também na criação de um espaço urbano destinado a favorecer tais mudanças e novas funções dentro dessas cidades que vão se tornando terciárias. Nesse cenário, Manaus terá papel como coadjuvante enquanto metrópole com essa característica, pois se encontra distante territorialmente e, em outros aspectos, isolada da faixa litorânea leste do país onde se concentram os principais centros econômicos.


Imagem 2 – Rede urbana brasileira, em 2007, segundo o IBGE


Porém, há de ressaltar que os capitais industrial e financeiro dialogam entre si e, por isso, não pode se afirmar que os traços de períodos anteriores sejam negados, ou seja, ainda existe uma interdependência entre ambos os setores, em que cada um exerce funções determinadas dentro da lógica capitalista, que existe nos mais distintos cenários, como visto pela diferenciação entre as cidades industrial e terciária. Um exemplo disso é o caso das trans e multinacionais, que necessitam operar através de uma lógica que vincule as cidades sobre redes (comunicação, transportes e etc.), em diferentes espaços-tempo do desenvolvimento capitalista, em consonância com o poder estatal, muitas vezes sujeitado aos ditames dessas grandes empresas.


Referências Bibliográficas


ARAÚJO, Emanuelle Silva. Desenvolvimento Urbano Local: o caso da Zona Franca de Manaus (Local urban development: the Manaus Free Zone case). In.: urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 33-42, jan./jun. 2009.


Imagem 1 – Seringueiro extraindo látex, no período do Ciclo da Borracha.

Disponível em: http://alekspalitot.blogspot.com.br/2015/07/amazonia-e-o-ciclo-da-borracha.html. Acesso em: 27 out. 2016.


Imagem 2 – Rede urbana brasileira, em 2007, segundo o IBGE. Disponível em:

https://logimg.files.wordpress.com/2015/02/shot0828.jpg. Acesso em: 27 out. 2016.






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