top of page

Porto Digital: resignificação do centro recifense


Fonte: foto inicial do site PortoDigital – Parque Tecnológico, acessado em 25/10/2016

A proximidade de Recife aos centros importadores açucareiros europeus no século XVIII permitiu a centralidade dessa cidade na economia nacional e seu crescimento. No entanto, as oscilações da economia de um país periférico como o Brasil carrearam para a região e ao Recife graves entraves sociais e políticos. Ao longo dos anos, as reviravoltas dos mercados globais trouxeram à cidade do Recife grandes consequências como a marginalidade no comércio nacional e internacional, o aumento da pobreza e da violência e a degradação do espaço central da cidade.


Em 2000, dado à ininterrupta e intensa degradação dessa região central, o Estado de Pernambuco decide “criar uma nova agenda para a economia do Estado” concebendo o Porto Digital. Com isso decidia-se à época inserir o Recife num circuito internacional de tecnologia da informação pela expansão do capitalismo tecnológico. O Porto Digital emerge em ação conjunta do Governo do Estado de Pernambuco com a iniciativa privada: o Estado, injetando mais de 33 milhões na consolidação da infraestrutura do Parque e as empresas aportando 10 milhões de reais.


Esse grande espaço de 144 hectares que se reconfigura como Porto Digital é a prova consubstanciada do alargamento do capitalismo tecnológico influenciando na resignificação espacial de uma área antes degradada. O que antes era destinado à prostituição e ao descaso pelas autoridades recifenses se tornou no maior polo de atividades de tecnologia do Brasil. Afirma o site portodigital.com, sítio de entrada virtual ao Porto Digital, que “A região, antes degradada e de pouca importância para a economia local, vem sendo requalificada de forma acelerada em termos urbanísticos, imobiliários e de recuperação do patrimônio histórico edificado”, demonstrando a nova cara do centro de Pernambuco.


Essa região agora conta com um centro tecnológico voltado para “software e serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e economia criativa (EC) com ênfase nos segmentos de games, multimídia, cine vídeo animação, música, fotografia e design” trazendo grandes players globais de tecnologia como Contax e Accenture.


A construção do Porto Digital trouxe não apenas um acréscimo de divisas à região, mas também a inseriu no que Edward Soja intitula da nova forma de acumulação do capitalismo por meio da tecnologia. Se por um lado, sua aparência é de trazer uma reconfiguração benéfica à área degradada, por outro, esconde as lógicas e práticas da acumulação ainda mais intensa da fase atual do capitalismo pós-fordista. As aparentes e falsas benesses de uma nova configuração espacial para o centro recifense demonstram o rápido avanço desse novo capitalismo, suas intensas forças de exaurir o meio e de transformá-lo às suas reais necessidades.



Referências


Porto Digital. http://www.portodigital.org/home acessado em 26/10/2016.


FAUSTO, Boris. História do Brasil. EDUSP. 2015.


SOJA, Edward W. A geografia histórica da reestruturação urbana e regional in Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica.




POSTS RECENTES
bottom of page