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Manaus: da ocupação territorial às políticas territoriais como bases para seu futuro como cidade

Manaus, tomada espacialmente quanto à localização de seu sítio e de sua urbanização, pode ser entendida através de uma periodização histórica. O texto que segue, tem como escopo as configurações espaciais desde a fundação do sítio manauara (1669), com o estabelecimento do Forte de São José da Barra; até por volta de 1890, início do período áureo da borracha no Amazonas; da ação do Estado enquanto agente cujas ações se pautam pela estratégia geopolítica, tanto no que tange à ocupação territorial fronteiriça (ABREU, 1996) quanto da política territorial num sentido mais abrangente (REIS FILHO[1], 1968 apud ABREU, 1996).


A ação da metrópole portuguesa no estabelecimento de bases militares ao longo da Bacia do rio Amazonas vem de encontro a estratégia de expansão e ocupação territorial a partir de 1615 (COSTA, 2014 p. 116). Sobre isto, a autora nos revela: “Depois da viagem de Pedro Teixeira em 1637 o espaço amazônico foi sendo desvendado e integrado econômica e politicamente a Portugal numa estratégia que foi: fortificar as terras já ocupadas por seus primitivos habitantes(...)”. Se exatamente o sítio onde foi construído o Forte de São José da Barra não era ocupado por habitações ou uma aldeia indígena no momento de sua construção, era segundo Freire (1987) local de cemitério indígena e da antiga aldeia dos Manaós.


O estabelecimento do sítio manauara, portanto, levou em conta de fatores relacionados às características físicas do local “um alinhamento de falésias fluviais de 20 a 50m de altura, com reverso suave ou aplainado para o interior e com uma ruptura de declive brusca e direta em relação à estreita faixa de praias arenosas de estiagem do rio Negro” (AB´SABER, 1959) e “um sítio (...) delimitado pelos igarapés São Raimundo e dos Estudantes[2]” (COSTA, 2014 p.114) na margem esquerda do Rio Negro; bem como, a proximidade e a prévia utilização daquela área pelas populações ali existentes, como elemento facilitador. Essa população foi tomada num primeiro momento como mera mão de obra e posteriormente elemento de territorialização para aquela localidade.


Figura 1 - Prospecto da Fortaleza do Rio Negro (1756). Autor: Eng. João André Schwebel. Fonte: MENDONÇA, Marcos Carneiro de A. A amazônia na era pombalina. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1963. Retirado de: COSTA (2014)

O forte, contudo, não promoveu efeito imediato, tendo o Lugar da Barra[1] estado estagnado durante praticamente um século como: “‘curral de índios’ que ficavam aí aprisionados e, depois, eram levados a Belém, como escravos” (FREIRE, 1987). Isto se deveu ao fato de que o Lugar da Barra até aquela altura respondia administrativamente à São Luis, sede do Governo do Maranhão e Grão-Pará (1652). Há alteração disto com a transferência da sede deste Estado para Belém (1751), desdobramento deste estado em dois: Grão-Pará e Rio Negro, e Maranhão; do estabelecimento da Capitania de São José do Rio Negro (1758).


Além disso, há a mudança da sede de governo da capitania de Barcelos para o Lugar da Barra em 1791, e em definitivo em 1808, empreendido por Lobo D´Almada, governador da capitania (AMAZONAS, 2008). Esta sucessão de fatos abrangentes alterou as centralidades e relações entre cidades e sem dúvida, criou as bases para o futuro estabelecimento do Lugar da Barra como vila e posteriormente cidade, já no Brasil República.


REFERÊNCIAS


AB´SABER. As origens do povoado do Lugar da Barra. Correio do Norte. São Paulo. 2º semestre de 1959 Disponível em: <http://catadordepapeis.blogspot.com.br/2012/03/azizi-ab-saber-1927-2012-3-parte.html> Acesso em: 02-nov-2016


AMAZONAS. Tribunal de Justiça. O poder judiciário na história do Amazonas: A justiça no Amazonas Colonial. Amazonas (AM), 2008. Disponivel em: <http://www.tjam.jus.br/index.php?option=com_docman&task=search_result&Itemid=167> Acesso em: 02-nov-2016


COSTA, G. G. Fortificações na Amazônia. Revista navigator. Rio de Janeiro. V.10 nª20, 109-118. Out-2014. Disponível em: <http://revistanavigator.com.br/navig20/art/N2_art3.pdf> Acesso em: 02-nov-2016


FREIRE. J. R. B. O sagrado lugar da barra: o curral de índios (série Manaus V) A crítica. Manaus, 16-mar-1987. Disponível em: <http://www.taquiprati.com.br/659-o-sagrado-lugar-da-barra-o-curral-de-indios-serie-manaus-v> Acesso em: 02-nov-2016



[1] Primeira denominação dada ao povoamento que originou a cidade de Manaus. Lugar da Barra (do Rio Negro)



[1] REIS FILHO, N.G. Contribuição ao estudo da evolução urbana no Brasil 1500-1720)


[2] Aqui cabe a correção que trata-se do igarapé dos Educandos, que dá nome ao bairro de nome homônimo atualmente e não, Estudantes.


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