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A formação do monopólio japonês e a centralidade de Tóquio

No texto anterior relatamos o como que a reconfiguração da estrutura social japonesa deixou um lastro profundo de fissuras em um processo de modernização violento de cima pra baixo. Nesse texto buscaremos aprofundar a reflexão a partir de um grupo econômico e político que emergiram nesse cenário e deixaram suas ramificações que estão presentes até os dias atuais: O grupo zaibatsu.

Imagem 1: Foto da Família Zaibatsu

Fonte: http://www.endofempire.asia/japanese-zaibatsu-monopolies-dissolved/

Os Zaibatsu surgiram com força já na restauração Meiji(1868 - 1925) se estendendo até o período Showa (1926 - 1945). Tal Grupo conformou um Oligopólio e, ao mesmo tempo, organização político-econômica que foi central no que diz respeito às taxas de acumulação e, ao mesmo tempo, a base superestrutural para a configuração de uma das principais potências nacionalistas de cunho imperialista desembocando em regimes totalitários do período entre-guerras. A família estava configurada em 4 grupos, entre eles: Mitsui; Mitsubishi(Os três diamantes); Yasuda e Sumimoto. Essa família foi responsável tanto pelo capital industrial que se gestava no país, como pelo seu setor financeiro, bem como a importação e produção de armamentos bélicos representada pelos grupos Mtsubishi(Os três diamantes) e Okura.

Imagem 2: Indústria Japonesa e a centralidade de Tóquio

FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

Como podemos observar no mapa as cidades de Tóquio e Ozaka passam à ser as principais cidades que atuam esses grupos, onde a centralidade se concentra em Tóquio. Pierre George (1991) em uma de suas obras mais célebres: Geografia Industrial do Mundo, descreve o papel econômico e que tais grupos exercem no país em diferentes cidades passando pelos diversos departamentos da economia, tanto no que diz respeito a indústria de base(Infraestrutura das cidades, petróleo, mineração), como as de bens de consumo não duráveis e duráveis. O País passou por um processo de industrialização de cima pra baixo, onde o Estado teve um papel central nesse processo, o que Lenin(1905) irá chamar de via prussiana, tomando como base o papel militar na acumulação de capital na Alemanha.

Retomando George(1991), Ele irá chamar a atenção de que “Estes trustes Japoneses, ligados aos grandes trustes americanos e internacionais, introduziram no arquipélago nipônico os processos técnicos e a organização do trabalho racionalizado de tipo americano ou alemão”. O autor prossegue nos mostrando que seguindo esse disciplinamento pro trabalho: “...o proletarido Japonês, de origem rural, cinco milhões e meio de operários e operárias que trabalham de dez a doze horas por dia pelo menos, sem repouso hebdomadário, por salários irrisórios, tratados como gado sobre a aparência de um paternalismo feudal” p.79.

Esse grupo no pós-guerra foi desmantelado pelo general McArthur pela promulgação da primeira lei anti-monopólio da história, isso irá desembocar em outros grandes grupos industriais e financeiros: Mitsui, Yasuda e Sumimoto (GEORGE,1971). É por meio dessa situação Histórica que fica o desafio de compreender essa dinâmica dentro do que Santos vai chamar de eixo das sucessões e das coexistências, numa realidade que emerge sobre as bases de um capitalismo já na sua fase superior(imperialista) carregando em seus poros tradições feudais.

REFERÊNCIAS

LENIN, Vladmir Ilich. O capital financeiro e a Oligarquia financeira. IN: Imperialismo, fase superior do capitalismo. Global Editora. São Paulo.1985. (p.46 – p.60).

GEORGE, Pierre. A indústria Japonesa. IN: Geografia Industrial do mundo. Bertrand Brasil. 1991. (p.77 – p.84)

MASIERO, G. Organização e trabalho no Japão: Características culturais e organizacionais japonesas e o desenvolvimento de formas eficazes de realização do trabalho. Revista de Administração de empresas, São Paulo. Jan/Fev. 1994.(p.13–p.19) Acessado dia 10/11/2016: http://www.scielo.br/pdf/rae/v34n1/a03v34n1.pdf

Fundação Getúlio Vargas. Zaibatsu. Acessado em 11/11/2016: http://www5.fgv.br/ctae/publicacoes/Ning/Publicacoes/00-Artigos/JogoDeEmpresas/Karoshi/glossario/ZAIBATSU.html

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