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Recife

A fisionomia geral do Recife é a de uma cidade velha, parcialmente rejuvenescida. Suas ruas e suas casas estão longe de exibir um aspecto uniforme. Em algumas áreas, domina a feição geométrica do traçado das artérias e as construções possuem formas características de uma cidade bem recente e atual. É o que acontece em certos lugares da parte central onde algumas avenidas amplas e os blocos de concreto armado dos edifícios novos emprestam um tom moderno à paisagem urbana. Sente-se, então, a tendência ao crescimento vertical. Traçado mais regular encontra-se também em bairros e subúrbios novos, surgidos aqui e acolá.

Mário Lacerda de Melo em Paisagens do Nordeste em Pernambuco e Paraíba

Os portugueses escolheram Olinda como primeiro núcleo urbano da economia canavieira, e, muito desta opção se deve as suas favoráveis condições de defesa; a topografia mais elevada e avançada em direção ao mar conferiam uma posição estratégica para defesa do território. Recife, a seis quilômetros ao sul, possuía as condições ideais para servir de porto – diferentemente de Olinda o mar aqui oferecia o repouso necessário às caravelas e naus. Olinda florescia, portanto, enquanto centro de comando, enquanto Recife assumia uma função portuária e subordinada.


A situação, porém, inverte-se com a invasão holandesa e o governo de Maurício de Nassau. Os flamengos e seu espírito mercantil buscavam o desenvolvimento do capital comercial nos trópicos e para tanto mais convinha situar um núcleo urbano contínuo ao porto. Essa inspiração comercial aliada à tecnologia arquitetônica desenvolvida nas planícies holandesas voltou os esforços de construção à confluência dos rios Capibaribe e Beberibe, conferindo assim uma nova funcionalidade ao Recife. A ocupação holandesa durou décadas antes de sua expulsão, mas a inversão provocada pelo desenvolvimento urbano já estava consolidada.


A formação do primeiro núcleo urbano holandês se deu a partir do plano urbanístico do arquiteto holandês Pieter Post, neste traçado configuram zonas residenciais, comerciais e institucionais. Ao fim da colonização holandesa Recife já conta com oito mil habitantes e uma movimentada área portuária em que se mesclam diferentes atividades.


Seu posterior crescimento urbano – após a retomada portuguesa - ocorreu sem formatação de planos. O desenvolvimento da cidade basicamente acompanhou e estruturou-se ao longo dos caminhos que articulavam os engenhos ao porto.


Muitos desses engenhos eram localizados nos arredores do que se constituiu enquanto centralidade – a maioria se concentrava ao longo das várzeas do Capibaribe – dando estes, origem a diversos povoados rurais. O processo de urbanização absorveu e costurou diversos destes povoados uns com os outros e todos com a cidade, através das vias, terrestres e fluviais, de transporte. É assim que o processo de urbanização avança sobre os subúrbios parcelando progressivamente as antigas propriedades em loteamentos urbanos.


O conjunto do traçado urbano do Recife, sem qualquer simetria que lembre o “tabuleiro de xadrez” das cidades planejadas, apresenta, todavia, uma feição radial. Os planos introduzidos pelos holandeses aliados ao espontaneísmo funcional português dão a cara da conformação urbana da cidade.


Referências


MELO, Mário Lacerda de. Paisagens do Nordeste em Pernambuco e Paraíba. Recife, Cepe Editora, 2012.


REYNALDO, Amélia. Origem da expansão do Recife: divisão do solo e configuração da trama urbana. Disponível em <https://upcommons.upc.edu/bitstream/handle/2099/14495/062_Reynaldo_Amelia.pdf>





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