top of page

Os Impactos da Reestruturação Produtiva na Região Metropolitana de Porto Alegre: Reflexos no Índice

Figura 1: Região Metropolitana de Porto Alegre: divisão política.

Disponível em: http://www.baixarmapas.com.br/wp-content/uploads/mapa-metropolitana-de-porto-alegre.jpg



A reestruturação produtiva, a partir da implementação do regime de acumulação flexível, gera inúmeras transformações na maneira pela qual se realiza o trabalho nas suas diversas esferas de organização. A cidade, como centro da realização do capital, reage a essas transformações desde a menor escala, com as mudanças que se realizam dentro das empresas, até a maior escala, com as mudanças na própria cidade e no urbano para se adequar a essa nova etapa da acumulação capitalista.


A partir da reestruturação produtiva, e o consequente avanço técnico nos setores dos transportes e das comunicações, observa-se nas grandes cidades um processo significativo de desindustrialização e crescimento relativo da participação do setor terciário na economia local. No caso do Brasil, esse processo costuma ter seu início em meados da década de 1990, atingindo em cheio muitas cidades que possuíam um forte peso industrial. É nesse sentido que a Região Metropolitana de Porto Alegre se insere na rota desse movimento. A saída de muitas indústrias do centro das grandes metrópoles especialmente em função dos altos preços de alugueis tem gerado desdobramentos na organização da metrópole. Como escrevem Soares e Fedozzi,


"O processo de desconcentração metropolitana tem reforçado a tendência à policentralidade metropolitana com o crescimento do comércio e dos serviços não só na capital, como em outros centros, especialmente os mais populosos e de economia mais dinâmica. Em um primeiro momento (décadas de 1970 e 1980), a expansão metropolitana se produziu pelo transbordamento da mancha urbana da capital e pelo deslocamento da indústria; a partir de 2000, a desconcentração também afetou o setor de serviços, com alguns centros urbanos se convertendo em polos de atividades terciárias. Essa mudança reflete a alteração do perfil da própria economia da metrópole, que se caracteriza por um incremento da participação dos serviços no Produto Interno Bruto (PIB) (SOARES; FEDOZZI)".


Assim sendo, a Região Metropolitana de Porto Alegre passou a adquirir uma configuração mais policêntrica. Essa mudança gera desdobramentos na ocupação e, consequentemente, no índice de dispersão da metrópole. O surgimento de núcleos terciários que substituem parcialmente os fluxos que iam anteriormente somente para o centro da metrópole corrobora para o aumento do índice de dispersão da metrópole e para o desenvolvimento da mancha urbana nas periferias da metrópole.


Por fim, é importante fazer algumas considerações acerca da metodologia encarregada no índice de dispersão. O índice, elaborado por Ojima (2007) tem como intuito possibilitar uma análise comparativa entre diferentes metrópoles ou entre a mesma metrópole ao longo do tempo. Conforme o próprio autor explora, há uma tendência no aumento do índice de dispersão metropolitana em detrimento dos processos de reestruturação produtiva. Entretanto, não há uma ligação lógica entre a área construída da metrópole e o índice de dispersão da mesma, uma vez que há outros elementos a serem levados em consideração no cálculo do índice. Neste sentido, a comparação entre os índices de dispersão de Porto Alegre e Brasília, metrópoles com áreas construídas semelhantes, é muito significativa, conforme explorado nas figuras 2 e 3.



Figura 2: Índice comparativo de dispersão entre algumas metrópoles brasileiras.

Disponível em: http://www.cchla.ufrn.br/seminariogovernanca/cdrom/ST11_Fernando_Romulo_Juciano.pdf.



Figura 3: Tabela relacionando área construída, população e densidade média em diversas metrópoles brasileiras.

Disponível em: http://www.cchla.ufrn.br/seminariogovernanca/cdrom/ST11_Fernando_Romulo_Juciano.pdf.


Bibliografia:

BAIXAR MAPAS. Região Metropolitana De Porto Alegre. Acesso em: 13/12/2016. Disponível em: <http://www.baixarmapas.com.br/wp-content/uploads/mapa-metropolitana-de-porto-alegre.jpg> (Imagem 1).


COTELO, Fernando; RIBEIRO, Rômulo; RODRIGUES, Juciano. Índice de Dispersão e Outros Indicadores de Configuração Urbana para 10 Regiões Metropolitanas Brasileiras. Acesso em: 16/12/2016. Disponível em: <http://www.cchla.ufrn.br/seminariogovernanca/cdrom/ST11_Fernando_Romulo_Juciano.pdf>


OJIMA, Ricardo. "Dimensões da urbanização dispersa e proposta metodológica para estudos comparativos: uma abordagem socioespacial em aglomerações urbanas brasileiras. Revista brasileira de estudos populacionais. São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007.


SOARES, Paulo Roberto Rodrigues; FEDOZZI, Luciano. Região Metropolitana de Porto Alegre 1980-2010: Transformações na Metrópole Meridional do Brasil. Acesso em: 15/12/2016. Disponível em: <http://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_k2&view=item&id=958:porto-alegre-1980-2010-transforma%C3%A7%C3%B5es-na-metr%C3%B3pole-meridional&Itemid=169&lang=pt#>.

POSTS RECENTES
bottom of page