Santiago: o papel das franquias
Diante de um modelo organizacional gestado no âmbito da reestruturação econômica favorecendo a formação de elos empresariais atenuantes da hierarquia nas redes urbanas, através de forças econômicas e políticas distintas, se materializam no estabelecimento comercial.
Neste sentido é possível observar, no âmbito de reestruturação urbana em múltiplas escalas, ajustes espaciais orientados pelas Franquias (empresas de varejo que tem como principal ativo a marca), que muitas vezes redefinem e reorientam o debate sobre a centralidade urbana.
A franquia adquire capacidade de velocidade de acumulação de capital dentro de uma lógica operacional cujo objetivo é a estruturação territorial da empresa por meio de elos empresariais juridicamente horizontais.
“Enquanto produto, a franquia resulta de mudanças estruturais nas formas de acumulação do capital catalisadas pelo uso associativo e crescente de tecnologia e informação na produção e consumo. A venda de franquias tem difundido uma tendência ao consumo de marcas, ampliado a cobertura espacial de empresas que operam sob esse sistema e multiplicado o número de estabelecimentos comerciais padronizados. O resultado disso são paisagens urbanas estandartizadas, que expressam as representações de referência do consumidor em potencial utilizadas e materializadas no estabelecimento comercial, e a tendência à homogeneização dos lugares de consumo, sobretudo por demonstrar através do consumo de signos morfológicos formas diferenciadas de consumo do lugar.” (SALES, 2014)
A ausência ou presença de franquias numa cidade é uma indicativo do potencial de consumo da cidade. Como qualquer empresa de varejo, o aumento do lucro é o objetivo central das franqueadoras, o que as leva a buscarem cidades com redes urbanas mais interativas com a economia mundial, como no caso de Santiago. Assim, a disposição de franquias pela cidade demarca também centralidades comerciais na metrópole.
De acordo com um estudo feito pela Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile, em 2012, o mercado de franquias no país representa quase 8% do produto interno bruto gerado pelo comércio. Sendo que os setores de serviço e gastronomia são os mais representativos, com cerca de 60% do total, e destes os mais lucrativos são as redes de fast food. (Doggis, Juan Maestro, McDonald’s, Pizza Hut, Burguer King e KFC).
“Como uma representação da capacidade criativa e veloz de acumulação de capital pelo estímulo ao consumo, as franquias utilizam a produtividade espacial de áreas centrais para obter ganhos de lucratividade, o que tem contribuído com a padronização do consumo e de paisagens urbanas.” (SALES, 2014)
Referências:
ESPINOZA, E. Jeografía Descriptiva de la República de Chile. Faculdade de Filosofía i Humanidades de la Universidad de Chile, 1897.
SALES, Andrea Leandra Porto. A situação espacial das franquias na América do Sul: morfologia e centralidade urbanas em cidades médias da Argentina, Brasil e Chile. Tese de Doutorado do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP, Presidente Prudente, 2014.
SASSEN, S. O reposicionamento de cidades e regiões em uma economia global: ampliando as opções de políticas e governança. Revista EURE, Vol. XXXIII, Nº 100, pp. 9-34. Santiago de Chile, diciembre de 2007.
Disponível em:< http://destinonegocio.com/br/empreendedorismo/franquias-mais-lucrativas-do-chile-estao-no-fast-food-saiba-mais-sobre-o-mercado/>. Acesso em: 19 de dezembro 2014.