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A expansão da metrópole de Manaus e a formação de um tecido urbano

Nos nossos últimos escritos fizemos algumas considerações sobre o processo de urbanização em Manaus, considerando os séculos XIX e XX. Cabe lembrar que, diante de algumas diferenças entre ambos os períodos, há uma relação, na qual os elementos do passado são conservados em formas do presente, tendo em vista a produção do espaço urbano como uma sucessão de tempos de trabalho aplicados a um mesmo lugar que se acumulam como nos apontam Moraes e Costa (1984). Isto acontece porque, dentro do sistema capitalista, é necessário que ocorra o processo de urbanização, a partir do momento em que este sistema precisa constituir o urbano para atender seus vínculos com os setores secundário e terciário da economia.


Um ponto interessante que reforça a ideia da expansão urbana de Manaus é o aumento populacional da cidade (gráfico 1), embasado pelo crescimento econômico decorrente da criação da Zona Franca de Manaus (ZFM). Sendo assim, temos que grande parte dos serviços é concentrada na metrópole, dando-lhe um status de centralidade, o que culmina em uma hierarquia urbana, estando as cidades adjacentes de menor porte vinculadas à Manaus por redes, sejam elas urbanas, de Internet e etc.


Gráfico 1 – Aumento populacional de Manaus (em %) entre os anos 1940/2000, a partir dos dados do IBGE (2013). Elaboração: Nazareth et. al. (2011, p. 206).



Mas, quando falamos das metrópoles, ter em mente a escala de análise é um exercício fundamental, pois enquanto Manaus tem maior porte regional e é considerada uma metrópole, se avaliarmos a escala nacional ela está em segundo plano, diante da grande metrópole nacional (São Paulo) e das metrópoles nacionais, tendo como parâmetro a classificação do IBGE, que considera a área de influência de cada uma.


Nos mapas a seguir (Mapas 1 e 2) referentes a qualidade da Internet, é possível observar essa hipótese, tendo em vista que o alcance e a qualidade em Manaus e nas regiões vizinhas são muito baixos, quando comparados ao de São Paulo e das outras metrópoles nacionais retratadas no segundo mapa, o que reflete a dualidade em relação a importância de Manaus, nas escalas regional e nacional.



Mapa 1: qualidade da internet no estado do Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e etc. Observa-se pontos específicos, como por exemplo, nas cidades de Manaus, Santarém, Macapá e etc. Fonte: https://simet-publico.ceptro.br/mapas7/


Mapa 2: qualidade da internet nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e etc. Observa-se certa ligação entre cidades importantes com as suas devidas capitais estaduais. Fonte: https://simet-publico.ceptro.br/mapas7/


Ao mesmo tempo, é importante notar e considerar que Manaus segue uma tendência pouco comum quando pensamos que o setor terciário ainda divide espaço com o setor secundário, pois há uma concentração grande da produção dentro da própria metrópole, diferindo de casos como o de São Paulo, em que as indústrias - atraídas sobretudo por incentivos fiscais no momento da fundação da ZFM - no geral, se localizam em municípios do interior ao passo que suas sedes e escritórios estão na capital.


Estas indústrias dividirão espaço com um tecido urbano formado por migrantes, sobretudo de outras áreas próximas, que vieram para Manaus durante o período de boom econômico em um fluxo contínuo e duradouro. Segundo as ideias de Nazareth et. al. (2011, p. 208) é somente na década de 1990 que há redução da mão de obra empregada na ZFM, por conta de mudanças no modo de produção. Até então, desde a década de 60 o número de migrantes sofrerá elevações.


REFERÊNCIAS


Google Timelapse: Manaus, Brazil. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=p8rn0p-HjAw. Acessado em: 01/12/16.


MORAES, A. C. R.; COSTA, W. M. Geografia Crítica: A Valorização do Espaço. São Paulo: Editora Hucitec, 1984, 196 p.


NAZARETH, T.; BRASIL, M.; TEIXEIRA, P. MANAUS: crescimento populacional e migrações nos anos 90. In.: Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba: Editora Ipardes, n.121, p.201-217, jul./dez. 2011.





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