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Assunção: contradições da relação urbano x rural

A migração do 'campo para as cidades' no Paraguai, ou sua urbanização, sobretudo para a região metropolitana de Assunção, é tão antiga quanto o início da, ainda escassa, industrialização do país e da mecanização agrícola e ampliação das monoculturas.


Segundo dados do Banco Mundial (fonte: bancomundial.org), o Paraguai contava na década de 60 com cerca de 35% de sua população vivendo em cidades, tendo alcançado os 50% por volta dos anos 90 e hoje tem cerca de 60% de sua população urbana. Projeções indicam que em 2030 o país alcançará a marca dos 70%.


Gráfico 1 - Percentual da população total considerada urbana


Entre os vários fatores que pressionam a população migrar às cidades, a busca por novas oportunidades econômicas frente a um aumento da mecanização no campo baseado no desenvolvimento cada vez mais forte de monoculturas, que, para atender ao mercado internacional, deixam de lado outros itens então cultivados pelos campesinos, é determinante para estes números.


Com uma população expressiva vivendo na área metropolitana de Assunção (mais de 2 milhões de habitantes), zona que concentra cerca de 70% do PIB nacional, o país apresenta agora um dinamismo urbano que outras importantes cidades do continente experimentam a décadas.


Ao mesmo tempo, os efeitos negativos do rápido, e desordenado, adensamento populacional, como prover serviços de saúde e educação adequados, bem como problemas de moradia, começam a se evidenciar. O Paraguai, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, é o quarto colocado entre os países sulamericanos em déficit habitacional (de cerca de 360 mil habitações, em 2011).


Mapa 1 - Percentual de famílias sem teto ou em habitações de má qualidade, na América Latina


A autoconstrução de habitações forma o chamado cinturão de pobreza no entorno das cidades, como ocorre em Assunção, e que experimenta distintos problemas de falta saneamento, desemprego, altas taxas de violência etc.


De uma forma geral, a sociedade paraguaia adota progressivamente os modos de vida urbano: aumento dos empregos no setor terciário, aposta dos jovens pelo estudo universitário, novas práticas culturais são incorporados pela população, entre outras. Ainda, a quantidade de filhos por mulher (que passou de 6,7 para 2,9 entre 1960 e 2011) aponta uma certa disposição da população em planejar a vida futura.


No entanto, é necessário ir além de números para entender o novo papel das cidades na vida econômica e social de um país cuja ruralidade é questionada. O Paraguai desafia a máxima da 'cidade industrial' quando ainda apresenta mais de 60% das suas exportações advindas da vendas de energia elétrica, produção agrícola e pecuária. Com ou sem indústrias, a pobreza e a desigualdade de renda continuam a ser um grande desafio.



Referências


Hábitat para la humanidad. Disponível em: http://habitat.org.py/. Acesso em 01 de dezembro de 2016


En Paraguay, 7 de cada 10 personas vivirán en las ciudades para 2030

http://www.5dias.com.py/38218-en-paraguay-7-de-cada-10-personas-viviran-en-las-ciudades-para-2030. Acesso em 01 de dezembro de 2016



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