Belém
Muito se fala no conceito de sustentabilidade urbana que se evolui no Brasil, junto com isso as operações de mercado que compreende o uso e ocupação da terra com a expansão urbana.
Belém junto com sua região metropolitana passa por problemas comuns a outras cidades importantes do país, como a fragmentação de seu território junto aos novos processos de urbanização guiados pelo setor imobiliário, além do espraiamento e transformações das orlas dos rios em espaços de consumo. A falta de políticas para o atendimento das demandas sócias é outro agravante já que pessoas são afastadas de seu lugar de origem como os ecossistemas de várzea perdendo espaço para o mercado imobiliário.
Ao compararmos Belém com Salvador, usando como fonte Glória Cecília dos Santos Figueiredo profunda conhecedora do processo de urbanização da cidade de Salvador, verificamos que Belém e sua região metropolitano cresceu diretamente em função de seu comércio de produtos retirados da natureza com sua logística de transporte muito influenciada por seus grandes rios. Assim como Salvador, Belém recebeu a partir de 1960 com a crise do fordismo e a transição para o sistema econômico da acumulação flexível juntamente com a quebra da paridade ouro-dólar investimentos através do Estado para melhorias em infraestrutura principalmente com rodovias no processo de integração nacional.
O que diferencia esses dois municípios em relação a sua expansão urbana é a forma como o uso e ocupação do território foi imposto. Salvador teve seu desenvolvimento uma industrialização a partir da implantação da Petrobrás influindo poderosamente na concentração de renda, na distribuição e na criação de alguns serviços que vão aproveitar os contingentes de desempregados, a criação do Centro Industrial de Aratu – CIA e Complexo Petroquímico de Camaçari – COPEC), implantação na Bahia em 2000 da indústria automobilística Ford, além da Construção do Shopping Center Iguatemi em 1970 que viabilizou a consolidação de uma nova área residencial e um centro de comércio, serviço e direção. (Franco, 2009).
Já Belém construiu uma urbanização muito em detrimento da sua localização estratégica e seu porto utilizado como escoador de mercadorias. Muito dessa urbanização é herança de épocas passadas como o ciclo da borracha.
Assim conclui-se que as transformações tanto na divisão territorial do trabalho como na divisão social do espaço sofre modificações de tempos em tempos seja qual for a escala e a compressão. Nos dois municípios tanto Belém como Salvador a urbanização se deu indiferente das culturas e processos históricos de ocupação do espaço. Os objetos sociais e espaciais se dão em escalas próximas ou distantes, indiferente dos atores e dos cenários.
Referências:
Figueiredo, Glória C. dos Santos. Produção imobiliária da cidade de Salvador. Entre o público e o privado. Salvador, EDUPA, 2015.
Neto, Raul da Silva Ventura; Cardoso Ana Cláudia Duarte. A evolução urbana de Belém: trajetória de ambiguidades e conflitos socioambientais.Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 29, pp. 55-75, jan/jun 2013.
Fotos:
Belém: Panoramio / Google Maps Disponível em: http://www.panoramio.com/photo/9285857. Acesso: 08/12/2016
Salvador: UOLBlog - Na correria. Disponível em: http://marcelotorres.zip.net/.
Acesso: 08/12/2016