Recife
Sobre a definição de “metrópole”, CORRÊA afirma: “Um meio de se qualificar as metrópoles como centros de gestão de território é considerar a distribuição espacial de unidades financeira e administrativamente dependentes nelas sediadas, isto é, o papel das metrópoles no controle direto de atividades externamente localizadas. O número e a localização de estabelecimentos-filiais dos setores primário, secundário e terciário, a diversificação das atividades controladas e o número de pessoas empregadas são as variáveis para essa qualificação.
Objetivando qualificar as metrópoles brasileiras como centros de gestão de território, considera-se o conceito de “assalariado externo” como base para o propósito acima. Por “por assalariado externo” compreende-se, segundo Fillâtre (…) aquele empregado em estabelecimento (fábrica, agência bancária, loja, etc.) pertencente a uma empresa cuja sede localiza-se em outro lugar que o do estabelecimento-filial.”
Desde 2000, Recife abre as portas de seu território para a industria de tecnologia. Conhecida como o “Vale de Silício brasileiro”, a região comporta o maior parque tecnológico do país, o “Porto Digital”, cuja criação foi ensejada por duas questões: oferta de mão de obra qualificada e incentivo fiscal.
Imagem 1: Porto Digital, Recife (PE)
O curso de Ciência da Computação é oferecido desde os anos 70 pela UFPE – Universidade Federal de Pernambuco – e nesta década e na seguinte, a cidade de Recife seria a referência de tecnologia no país. Com a crise da década de 90, muitas empresas faliram ou foram vendidas a grupos internacionais e maiores, levando à migração para o Sudeste, mais especificamente para o eixo Rio de Janeiro – São Paulo.
Criado em 1996, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.) é uma iniciativa privada de inovação em comunicação e tecnologia, que oferece cursos profissionalizantes e incubadoras na região.
Já sobre o incentivo fiscal, segundo o a página sobre essa iniciativa no site da Prefeitura de Recife, “A nova legislação alterou o texto da Lei n.º 17.244, de 27 de julho de 2006, que institui o programa de incentivo ao Porto Digital mediante a concessão de benefícios fiscais aos estabelecimentos, contribuintes do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN).
Com isso, o Porto Digital passou a integrar partes dos bairros da Boa Vista, Santo Antônio e São José, formando assim uma espécie de envoltória tomando como eixo o Marco Zero. A ampliação do Porto Digital foi um compromisso assumido no plano de governo do prefeito. Os setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa, localizados nessa área, passaram a ter uma alíquota de 2% do imposto. A nova Lei ainda inclui a educação a distância aos segmentos contemplados, o que gera novas oportunidades de empregos para os recifenses.
Também foi criada uma Zona Preferencial de Expansão, formada por toda a extensão da Avenida Conde da Boa Vista, em função de sua integração via transporte público com os demais territórios definidos.
"(…) Definido como o arranjo produtivo de tecnologia da informação e comunicação e economia criativa, com foco no desenvolvimento de software, é resultado da articulação de políticas públicas, envolvendo a iniciativa privada, as universidades e os governos.”
Imagem 2: Campus Party Recife 2015: “Campus Party é a maior experiência tecnológica do mundo nas áreas de: Inovação, Criatividade, Ciência, Empreendedorismo e Entretenimento Digital”.
IBM, Accenture, Microsoft, HP e Samsung são algumas das multinacionais que escolheram o Porto Digital para instalar suas fábricas e centros de pesquisa, embora em seus respectivos sites essa não seja a informação principal.
No site da Microsoft, por exemplo, os endereços dos escritórios são: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília.
Já a IBM, tem seu escritório localizado na Vila Mariana, em São Paulo. A HP, em Porto Alegre. Já Accenture tem escritórios em Barueri (Alphaville), Brasília, Nova Lima (MG), Curitiba, Porto Alegre, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, o caso de Recife talvez não fosse bem sucedido somente pela oferta de mão de obra e incentivo fiscal, como apontado no início do texto, mas também pelo interesse da iniciativa privada. O alto nível de sofisticação, como é o caso da tecnologia, demanda muitos recursos financeiros, inclusive pelo caráter de obsolescência deste mercado, principalmente recurso estrangeiro. No entanto, apesar dos avanços do Brasil em colocar-se no mapa da tecnologia e da comunicação, ainda é extremamente dependente do mercado internacional para ocupar-se, ao invés de ser inventivo e propositivo.
Vídeo: Campus Party Recife 2015: https://www.youtube.com/watch?v=HBNYQKVU2dE
Referências:
CORRÊA, Roberto Lobato; “Metrópoles, corporações e espaço: uma introdução ao caso brasileiro. In: Questões atuais da reorganização do território”, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1996.
Sites consultados:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/recife-o-vale-do-silicio-brasileiro/ - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
http://www2.recife.pe.gov.br/20/02/2015/incentivos-fiscais-empresas-do-porto-digital - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
https://www.accenture.com/br-pt/office-directory - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
https://www.ibm.com/ibm/br/pt/ - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
https://www.microsoft.com/pt-br/about/onde-estamos.aspx?Search=true - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
http://www8.hp.com/br/pt/contact-hp/company.html - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00
http://recife.campus-party.org/ - acessado em 08 de novembro de 2016, às 17:00